segunda-feira, outubro 29, 2007

O AVENTUREIRO DO PACÍFICO (Donovan's Reef)



Essa minha peregrinação por John Ford acabou caminhando a passos de tartaruga. Nem parece aquela do Hitchcock. Mas acho que o que aconteceu foi que com o Hitch, eu pulei vários filmes e na época não tinha como baixar tão facilmente filmes pela internet. Já com Ford, eu consegui muito material pela internet. O AVENTUREIRO DO PACÍFICO (1963), porém, não é fruto da internet. Assisti-o de uma antiga gravação que tinha feito da Band, do tempo em que a emissora passava clássicos legendados todos os domingos. Toda semana eu já ficava ligado pra saber qual filme iria passar. Não sei se a Band ainda continua fazendo isso. Acho que não.

Quanto ao filme, acho que para tirar um pouco do peso solene de O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA (1962), Ford optou por fazer um daqueles dramas/comédias leves estilo VENDAVAL DE PAIXÕES (1952). Pra ficar ainda mais parecido, só se o diretor escalasse de novo a Maureen O'Hara como o interesse amoroso de John Wayne. Na verdade, pra quem se habituou aos filmes do diretor, O AVENTUREIRO DO PACÍFICO é uma colagem de vários outros trabalhos dele. De O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA, Ford trouxe de volta Lee Marvin, como um sujeito briguento, mas nem tanto; de O FURACÃO (1937), Ford trouxe a ambientação, numa ilha do pacífico, com direito àquelas moças dançando e àqueles colares que eles entregam aos visitantes.

Como o filme se passa num tempo contemporâneo, a ilha é então um lugar de paz, mas cujos habitantes, pelo menos alguns deles, foram combatentes na Segunda Guerra Mundial. Nessa ilha, além dos nativos de pele mais escura, habitam também americanos (os donos da ilha), franceses e japoneses. Se há um conflito no filme, esse é de natureza familiar. Na trama, Elizabeth Allen é Amelia, uma moça rica que chega de Boston, influenciada pelos seus consultores da empresa a ir até a ilha e pegar o que seria seu de direito: sua parte nos negócios da família. Seu pai, ela sequer o conheceu. Depois da guerra, ele preferiu continuar longe do resto da civilização naquele lugar paradisíaco e acabou não conhecendo a filha. E nem a filha sabe que tem outros irmãos que o pai arranjou pela ilha. Chegando lá, Amelia aos poucos acaba se afeiçoando ao jeitão meio grosseiro de Donovan (John Wayne) e aos próprios habitantes da ilha.

O filme em si é bastante irregular, arrastado e custou a me agradar, mas tem um momento em especial bem poderoso: a cena da festa de natal, tanto por eu me emocionar sempre que ouço "Noite Feliz"("Silent Night"), como pelo estrago que uma tempestade repentina faz à festa, lembrando os bons tempos de O FURACÃO. Mas, no geral, posso dizer que o filme não me agradou e que o considero um dos mais fracos da filmografia do Ford. Pelo menos ele deve ter se divertido com a cena das brigas gratuitas e desopilantes no bar do Donovan. Ah, e vale lembrar de Cesar Romero, que aparece no papel do ambicioso Marquês Andre de Lage. Romero se tornaria famoso como o Coringa da série camp do Batman nos anos 60.

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