segunda-feira, janeiro 22, 2007

DÉJÀ VU (Deja Vu)



Muito provavelmente o melhor filme dirigido por Tony Scott, DÉJÀ VU (2006) continua de maneira menos radical o estilo utilizado em DOMINO - A CAÇADORA DE RECOMPENSAS (2005). Porém, o filme de Scott que mais se aproxima desse novo trabalho é INIMIGO DO ESTADO (1998). Ambos exploram o olhar alheio e a invasão de privacidade. Só que esse novo filme entra com um tema ainda mais fascinante, que é o da viagem no tempo. O fato de o filme se passar numa Nova Orleans devastada pelo furacão Katrina ocorrido em setembro de 2005 fornece mais um atrativo para o espectador, que querendo ou não sempre tem uma curiosidade mórbida por desgraças.

O filme começa sem diálogos por alguns minutos, mostrando uma explosão numa balsa cheia de pessoas. Denzel Washington é o agente encarregado de investigar o caso. Entre os vários corpos encontrados no desastre está o de uma mulher (Paula Patton). O que diferencia essa mulher das demais vítimas é que ela parece ter sido morta duas horas antes da explosão. A partir dessa descoberta, o agente entra em contato com cientistas do FBI que criaram uma máquina capaz de ver, de qualquer ângulo, o que aconteceu há quatro dias. Não dá pra dizer mais nada sob o risco de estragar as surpresas, mas lembro que um dos pontos altos do filme é a cena de perseguição na estrada com um visor que visualiza o passado. Deu pra notar pelo enredo que o filme guarda algumas semelhanças com MINORITY REPORT, do Spielberg.

Pode ser que DÉJÀ VU não seja o filme que vai fazer com que o nome de Tony Scott ganhe respeito - até porque a maioria das críticas não foram muito favoráveis - mas com certeza é um título que abrilhanta qualquer filmografia. Acho que essa foi a primeira vez que eu senti prazer em acompanhar a narrativa de um filme de Scott, já que em seus filmes a forma sempre foi mais importante do que o conteúdo, do que a narrativa, no caso. Não que isso seja em si um problema. Mas o que faz torcer os narizes de muita gente é o flerte de Scott com o cinema publicitário e com os videoclipes. Outra surpresa é saber que um dos roteiristas do filme é Terry Rossio, responsável por coisas odiosas como a trilogia PIRATAS DO CARIBE, o asqueroso SHREK e o repulsivo GODZILLA. Pegando o exemplo desse rapaz, e como ainda não se pode voltar ao passado para mudar as besteiras que se faz na vida, o negócio é esquecer o que passou e olhar para o futuro, que é obscuro e tenebroso, mas que de repente pode até ser glorioso.

P.S.: O final me deixou com uma pulga atrás da orelha, bem como a cena em que Denzel Washington viaja no passado. Se alguém puder me explicar, eu fico agradecido.