domingo, junho 20, 2004

DUAS SESSÕES DE CINEMA



A necessidade de rever A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (1971), de Peter Bogdanovich, veio a partir da leitura de um capítulo do livro EASY RIDERS, RAGING BULLS, de Peter Biskind. O tal capítulo é dedicado ao filme e fala de sua importância dentro daquele novo cinema americano que estava nascendo. Ao mesmo tempo, consegui gravar da TNT a continuação do filme original.

Tem tanta coisa interessante na vida de Bogdanovich, que eu aprendi tanto no livro do Biskind quanto no livro de entrevistas de Peter (AFINAL QUEM FAZ OS FILMES), que me deu vontade de falar sobre algumas coisas que me chamaram a atenção.

Por exemplo, Peter é filho de imigrantes sérvios e sua mãe estava grávida dele quando partiram para os EUA. Mas o que mais me deixou chocado foi o fato de o irmão mais velho de Peter, ainda bebê, ter morrido quando sua mãe acidentalmente derramou sopa fervente sobre ele. O pai de Peter nunca perdoou a esposa pelo que aconteceu.

Antes de iniciar as filmagens de A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA, Peter conheceu Polly Plat, com quem acabou se casando em 1962. Dizem que Polly, além de fazer o tipo intelectual, era sexy, não usava nem sutiã nem calcinha, o que deixava muitos homens loucos. Inclusive Peter. Mas o casamento dos dois foi ameaçado nove anos depois pela presença de Cybill Shepherd.

Peter ficou completamente apaixonado por Cybill. Na época Cybill era linda. Talvez a mais bela mulher a surgir no cinema americano dos anos 70. Quando Polly soube do relacionamento dos dois ficou louca, quase matou a si mesma e ao marido num acidente de carro. O relacionamento de Peter e Cybill durou 9 anos. Mas mesmo durante a relação o sem-vergonha do Peter ainda traiu Cybill com a ex-esposa.

O mais trágico relacionamento de Peter se deu com o fim do casamento com Cybill. Ele se apaixonou por Dorothy Stratten, uma mulher casada que estava no elenco do que Peter considera o seu filme mais pessoal: MUITO RISO E MUITA ALEGRIA (1981). Dorothy foi assassinada pelo marido rejeitado. Três anos depois, nova polêmica aconteceu quando Peter se casou com a irmã mais nova de Dorothy. Depois disso, não sei dizer mais o que aconteceu na vida privada de Peter.

Agora os filmes:

A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (The Last Picture Show)

Esse filme inaugurou um tipo de cinema nunca visto em Hollywood: o filme americano com cara de europeu. A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA mostra um grupo de jovens do interior do Texas começando a experimentar o sexo, a se apaixonar. Jeff Bridges está bem jovem; Cybill Shepard está jovem e linda (não custa repetir). Mas o personagem que mais aparece é o de Timothy Bottoms. Também no elenco, o velho cowboy Ben Johnson. Soube no livro de Buskind que Johnson estava fora de forma e não queria aceitar o papel porque as suas falas eram "muito difíceis". Peter teve que pedir uma ajuda a John Ford, que conseguiu convencê-lo a participar do filme. Por falar em westerns, A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA termina com a cena final de RIO VERMELHO (1948), de Howard Hawks, apresentada na única sala de cinema da cidade. O clássico de Hawks é um dos preferidos de Bogdanovich.

TEXASVILLE - A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA CONTINUA (Texaville)

Em 1990, Bogdanovich convidou o elenco do filme original para fazer essa continuação. TEXASVILLE não é tão bom quanto o filme original, mas não deixa de ser uma diversão pra quem viu o filme de 1971. É interessante ver o envelhecimento dos atores nos papéis, ver o andamento da história, ver como a vida dos personagens mudou ao longo do tempo. Mas ao mesmo tempo é triste, principalmente ao vermos o envelhecimento de Cybill. Aí é que vemos quão fugaz e quão preciosa é a juventude.

A história é mais centrada no personagem mulherengo de Jeff Bridges, que é um homem casado e com filhos de várias idades. A rotina da cidade muda com a chegada da personagem de Cybill, que voltou da Europa depois de um trágico acidente envolvendo o seu filho. Bogdanovich faz um pouco de suspense, demorando a apresentar Cybill, o que é um ponto positivo para o filme. TEXASVILLE quase se transforma numa comédia do meio para o final, mas isso não chega a comprometer o todo.

Vale lembrar que uma esperada continuação de um filme importante está para chegar nos cinemas: BEFORE SUNSET, de Richard Linklater, continuação do maravilhoso ANTES DO AMANHECER.

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