quarta-feira, janeiro 06, 2021

LET HIM GO



Uma das melhores surpresas do fim de ano foi este neo-western estrelado pelo casal de veteranos mais bonito de Hollywood, Kevin Costner e Diane Lane, que, não por acaso, interpretaram os pais do Superman. Ou seja, é como se já houvesse algo de muito especial no casal, como se a química já fosse perfeita. E isso se manifesta em muitos momentos de LET HIM GO (2020), os momentos de carinho entre os dois, de busca de compreensão dos afetos e necessidades do outro, e também da dor da perda.

O interessante é que o diretor, Thomas Bezucha, tem um currículo bem modesto. Seu filme mais famoso é a comédia dramática TUDO EM FAMÍLIA (2005), e isso já faz um bom tempo. Seu filme seguinte foi outra comédia sobre família, MONTE CARLO (2011), que eu não vi. Então, se há algo em comum entre LET HIM GO e os outros filmes feitos por ele é justamente a questão familiar. Que aqui fala muito forte.

Cheio de momentos tensos e intensos, LET HIM GO, tem todo o jeito, a estrutura, a terra sem lei, a violência, a disputa na bala, as grandes paisagens da América profunda que os grandes westerns americanos carregam em seu DNA. Até um personagem índio o filme tem. Aliás, tanto a presença do jovem índio quanto a busca pelo neto lembram um pouco RASTROS DE ÓDIO, de John Ford.

Na trama, Lane e Costner são um casal que partem em busca de sua ex-nora e seu netinho. Depois da morte do filho, a jovem mulher casa novamente com um sujeito com toda a pinta de ser bem agressivo. A matriarca fica preocupada quando o jovem casal simplesmente desaparece e vai embora sem deixar recado. Ela, então, convence o marido a seguir os rastros e quem sabe até trazer o neto de volta. Essa relação bem feminina com a maternidade é algo de destaque no filme, ainda que seja um elemento que se misture com a violência e o suspense que surgem com muita força.  

Um dos maiores presentes de de LET HIM GO é ter Lesley Manville como a matriarca da família que o casal visita nos Dakotas. Se a atriz já havia deixado muita gente impressionada com sua performance em TRAMA FANTAMA, aqui ela parece receber o espírito de grandes atrizes da Velha Hollywood que ganharam fama por interpretarem mulheres más, como Bette Davis e Joan Crawford. Pareceu-me muito explícita a homenagem. E olha que ela é uma inglesa interpretando uma caipira americana. Que grande antagonista ela faz.

Há várias cenas memoráveis, intoxicantes e arrepiantes. Talvez a cena do embate no motel seja uma das mais pesadas e intensas. Antes disso há uma cena de jantar (ou quase jantar) que é bem perturbadora, capaz de mexer com o espectador de maneira física mesmo. E por mais que não seja uma obra original em sua estrutura, bastante clássica, isso não chega a ser um problema quando nos vemos totalmente conectados ao filme. Aliás, gostei tanto que o coloquei entre os meus vinte favoritos do ano que passou.

Agradecimentos à Paula pela bem-vinda companhia durante a sessão. 

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