sábado, março 18, 2017

TRÊS DOCUMENTÁRIOS MUSICAIS























Minhas tentativas de dar uma alavancada no número de filmes escritos por postagem aqui neste blog não estão se saindo muito bem. Talvez eu tenha que usar mais dessas estratégias que não me agradam tanto, mas por enquanto vamos seguindo, conforme o tempo vai permitindo e o interesse ou a falta de interesse em tecer mais detalhes sobre determinado filme predominam. Falemos, então, de três documentários musicais que me agradaram, em menor ou maior grau.

THE BEATLES: EIGHT DAYS A WEEK - THE TOURING YEARS

O caso do filme de Ron Howard, THE BEATLES: EIGHT DAYS A WEEK - THE TOURING YEARS (2016), é que o que mais importa não é o trabalho até simples de Howard de focar na época em que os Beatles estavam fazendo shows, mas no próprio modo como olhamos para uma maior aproximação com os quatro rapazes de Liverpool sempre com entusiasmo e fascínio. Mas acho que nem era isso o que eu ia dizer neste filme nascido principalmente numa ilha de edição. O que importa mesmo é o show histórico que os Beatles fizeram em Nova York. Aquele que conhecemos apenas por alguns trechos exibidos em reportagens e que mostram o quão foi complicado para eles darem conta de uma multidão tendo uma aparelhagem de som que na época não era capaz de ser ouvida com qualidade por tanta gente junta. Ainda mais com tanta gritaria na época da beatlemania. Mas conseguiram fazer uma restauração para o cinema que ficou a coisa mais linda do mundo, com exibição quase integral do show e algumas canções que eu não sabia que haviam sido tocadas, como "Act naturally", lindamente cantada por Ringo; ou "Baby's in Black", pelo John, que praticamente monopoliza os vocais. Mas ao que parece a versão em DVD não contém este show no Shea Stadium, que nos cinemas aparece como bônus (sendo que na verdade é o que há de mais importante). O filme também junta atores conhecidos de Ron Howard para falar de suas experiências com a banda, como Whoopi Goldberg e Sigourney Weaver.

AXÉ - CANTO DO POVO DE UM LUGAR

De vez em quando surgem filmes que nos fazem não apenas viajar no tempo, como até mesmo reavaliar o conceito que nós tínhamos de determinada coisa. No caso, a axé music, que na época do seu auge, anos 80 e 90, definitivamente não fazia a minha cabeça. Eu, por gostar de rock, inclusive, quase que odiava aquilo tudo. Mas AXÉ – CANTO DO POVO DE UM LUGAR (2017), de Chico Kertész, está aí para não só nos fazer ver o quanto esse estilo merece mais atenção, como nos levar para uma viagem musical para a nossa infância ou além dela, já que o axé foi herdeiro do trilho elétrico de Dodó e Osmar, que usavam uma guitarra bem interessante, a guitarra baiana. Quem trouxe uma modificação e uma revolução nos anos 1980 foi Luís Caldas, com o uso do sintetizador no lugar das guitarras e uma sonoridade mais pop e mais simples. Ele é considerado o pai do axé e conquistou grandes audiências com "Fricote", aquele clássico que fala de uma "nêga do cabelo duro, que não gosta de pentear". Depois disso vemos inúmeros artistas que fizeram a história do gênero musical, além de muita treta e polêmica que rolou ao longo dos longos anos e da chamada invasão baiana. Vale destacar a chegada de Daniela Mercury, que foi a artista que trouxe reconciliação com a crítica, que em geral não via com bons olhos o ritmo. O filme é um barato e assistimos com muitos risos e entusiasmo. Pena que foi visto por poucos em suas rápidas exibições nos cinemas.

ESPECIAL IVETE GIL CAETANO

Falando em axé, hoje em dia não há como deixar de fora uma artista com tanta força e influência como Ivete Sangalo. Neste DVD ela aparece cantando ao lado de dois medalhões da MPB, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Além das canções cantadas pelos três de maneira muito simpática e elegante, de vez em quando eles param para falar alguma coisa espirituosa. Destaque para o momento em que Ivete diz que ali estão três homens. Caetano em seguida fala: ou três mulheres. Ou não. Coisa parecida. O repertório do show traz pérolas como "Olhos nos olhos", "Tigresa", "Você é linda", "Drão", "A luz de Tieta", "A novidade", entre outras. A generosidade de Gil e Caetano em dar os holofotes principalmente para Ivete é louvável, levando em consideração a importância dos dois para a história de nossa música. Mas a cantora também faz valer o título, com seu carisma e sua cada vez maior aproximação com a MPB.

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