quarta-feira, março 22, 2017

ALIADOS (Allied)























O boato de que ALIADOS (2016) teria sido uma bola fora de Robert Zemeckis custou a me convencer. Ainda que a filmografia de Zemeckis não seja exatamente impecável, seus últimos esforços foram admiráveis – O VOO (2012) e A TRAVESSIA (2015). O novo filme se desprende de inspirações em fatos reais para contar uma história de amor e um thriller de espionagem nos tempos da Segunda Guerra Mundial. Uma história que também lida com confiança e desconfiança. Infelizmente o filme ganhou uma repercussão maior pelas fofocas em torno do caso entre Brad Pitt e Marion Cotillard durante as filmagens.

Quanto ao filme em si, se não está entre as melhores obras do diretor, trata-se de um belo drama de época, com uma reconstituição linda e momentos admiráveis, como é o caso da cena de sexo no carro, quando os dois espiões, sabendo que a missão deles é arriscada demais e que o tempo na Terra pode ser breve, resolvem aproveitar o momento e a tensão sexual que já existia.

Na história, Max (Brad Pitt) e (Marianne) Marion Cotillard são dois espiões que se fingem de casados em um grupo de nazistas em Marrocos. Há uma boa cena de ação em Casablanca e uma movimentação bem conduzida, mas o filme não se prende a isso. Acaba desagradando a alguns justamente por pisar no freio no quesito ação, abrindo espaço para a vida a dois após o casamento e logo em seguida para uma tensão que passa a existir no momento em que Max fica sabendo da possibilidade de sua esposa ser, na verdade, uma espiã nazista disfarçada.

Há em seguida uma cena de piquenique entre o casal e o filho pequeno que é de cortar o coração. Max olha com amor para a esposa e não sabe o que fazer. Quer procurar algo que desminta as acusações de seus superiores. E nisso o filme também é bem-sucedido, ao nos fazer torcer pelo sucesso de Max e pelo retorno da paz entre o casal, por mais que o tom da história acabe se encaminhando para um final trágico.

Como se trata de um filme em que o visual é extremamente importante (do deserto, das cidades, dos interiores, das roupas), o diálogo bem construído por Steven Knight acaba se complementando de maneira espantosa com as belas imagens. Muito provavelmente a química entre o casal deve ter contado pontos para isso, ainda que falte ao filme algo para que atinja a excelência. De uma forma ou de outra, fico bastante feliz que ALIADOS tenha saído do papel e que esteja presente para novas avaliações e reavaliações. Quem sabe o tempo o transforma em um clássico.

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