domingo, setembro 18, 2016

BRUXA DE BLAIR (Blair Witch)























Muitas vezes temos em tão alta estima a lembrança de ver no cinema certos filmes que até temos medo de rever e constatar que eles envelheceram mal ou que não são tão bons quanto lembrávamos. Não digo que seja o caso de A BRUXA DE BLAIR (1999), de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, mas é certamente um filme que é mais lembrado pelo impacto de seu momento do que por suas revisões e constatações de ser realmente uma grande obra.

O trabalho de Myrick e Sánchez trouxe a moda dos filmes found footage, que chegou a ser posteriormente experimentado por cineastas tão distintos quanto George A. Romero, Brian De Palma e M. Night Shyamalan, além de render uma lucrativa franquia (ATIVIDADE PARANORMAL, 2007-2015). De 1999 pra cá, muita coisa rolou e o uso da câmera na mão e a brincadeira de se ter encontrado filmagens supostamente verídicas já cansou um bocado, embora de vez em quando ainda possamos nos surpreender com algo de novo.

E é neste momento de amadurecimento do estilo, e também de seu cansaço, que surge o novo BRUXA DE BLAIR (2016), que a princípio não se sabia se se tratava de uma refilmagem, um reboot ou uma continuação do original – ou do segundo e pouco lembrado filme de 2000. Trata-se de uma continuação do primeiro filme, em que um dos personagens é um irmão mais novo de Heather, desaparecida na floresta por 15 anos. A intenção do rapaz é encontrar pistas da irmã, indo parar, junto com uma turma de amigos, no mesmo local em Maryland.

Entre as novidades tecnológicas estão o uso de câmeras com GPS grudadas no ouvido de cada um, assim como uma câmera instalada em um drone, para dar uma dimensão de onde eles estão e evitarem se perder, uma webcam de vigilância, além de uma câmera convencional levada na mão por uma das moças. É câmera que não acaba mais, diminuindo bastante aquela velha pergunta que sempre fazem neste tipo de filme: por que os personagens não largam a câmera nunca, mesmo passando por momentos de altíssima aflição e perigo?

Infelizmente, o novo filme, dirigido por Adam Wingard, do ótimo VOCÊ É O PRÓXIMO (2011), não oferece muito ao espectador, mesmo aqueles que compram com boa vontade a proposta de retornar a esse universo, e encarar tudo de maneira um pouco menos descompromissada, como se assistisse a uma continuação qualquer de um filme de terror. O que acaba ficando óbvio é mesmo a intenção puramente comercial e picareta de fazer um filme que foi um fenômeno de bilheteria em 1999, mas sem dispor de algo realmente novo para oferecer, ou mesmo uma eficiência na condução de uma trama tensa e envolvente.

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