quinta-feira, outubro 01, 2015

PERDIDO EM MARTE (The Martian)



Poucos cineastas têm trabalhado com tanta regularidade e com um elenco tão bom em Hollywood quanto Ridley Scott. No momento, por exemplo, só consigo lembrar de outro nome: Steven Spielberg. Em comum, ambos também são produtores, embora Spielberg seja um nome mais gigante nesse sentido. PERDIDO EM MARTE (2015) mostra mais um exemplo de fôlego de Scott, novamente no espaço, depois de duas excelentes experiências anteriores: ALIEN – O OITAVO PASSAGEIRO (1979) e o controverso PROMETHEUS (2012), que ganhará em breve uma continuação.

PERDIDO EM MARTE tem um pé no realismo, ao sair do universo de monstros e mostrar um futuro mais ou menos próximo, quando a humanidade já poderá ousar pisar pessoalmente em solo marciano. Mas ainda num momento bastante delicado. O filme já começa quando a equipe de seis astronautas liderada pela Comandante Melissa Lewis (Jessica Chastain) escapa de uma tempestade de areia e pedras e bate em retirada na própria nave. Uma pessoa do grupo, porém, o botânico Mark Watney (Matt Damon), fica para trás, atingido pelo vento e pelos detritos. É dado como morto e deixado sozinho no planeta.

Não se trata de um ESQUECERAM DE MIM em Marte, já que os seus colegas ficam preocupados e tristes com sua suposta morte. Mas Mark acorda e decide sobreviver diante daquelas circunstâncias tão terríveis. Afinal, ficar tantos milhões de quilômetros afastados da Terra em um planeta em que não dá sequer para respirar o ar não é para qualquer um.

É possível fazer um paralelo com um filme superior: GRAVIDADE, de Alfonso Cuarón, no qual Sandra Bullock se vê sozinha no espaço, no meio do nada. Acontece que PERDIDO EM MARTE não é um filme de naufrágio que foca apenas nas dificuldades de sobrevivência e na inteligência de Mark, mas também vemos o que acontece na Terra quando os executivos da Nasa avisam que perderam um homem na missão espacial e depois avisam que ele está vivo para o povo, que passa a acompanhar diariamente o drama do astronauta. Também vemos, ainda que pouco, cenas na nave que se encaminha de volta para o nosso planeta.

Scott tem o luxo de trabalhar com uma galeria de atores de fazer inveja a muita gente: além dos já citados Damon e Chastain, há também a presença de Kristen Wiig, Jeff Daniels, Michael Peña, Sean Bean, Kate Mara, Sebastian Stan e Chiwetel Ejiofor. Seja em Marte, no espaço ou na Terra.

Um dos pontos negativos do filme está no andamento por vezes moroso, que torna pouco empolgante ou preocupante a dura meta de Mark de sobreviver àquilo tudo, embora seja divertido ver as possibilidades apresentadas para sair de determinada situação, como quando ele utiliza as próprias fezes como adubo para plantar batatas em uma estufa no planeta vermelho, assim como as tentativas do pessoal da NASA de levar inicialmente comida para ele numa sonda.

Assim, a narrativa alterna momentos de desespero e outros de esperança animadora, como quando ouvimos “Starman”, do David Bowie, tocando. E não deixa de ser mais uma obra de Scott que lida com pessoas em circunstâncias terríveis tendo que encontrar forças de onde achava que não tinha e ainda ter uma ajudinha da sorte ou do destino. Lembramos tanto de ALIEN quanto de ATÉ O LIMITE DA HONRA (1997); tanto de ÊXODO – DEUSES E REIS (2014) quanto de GLADIADOR (2000), goste-se ou não desses filmes.

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