segunda-feira, julho 08, 2013

O HOMEM DE AÇO (Man of Steel)























Quem acompanhou os três títulos do Batman dirigidos por Christopher Nolan vai perceber inúmeras semelhanças com este novo filme do Superman, O HOMEM DE AÇO (2013). A começar pelas cores mais escuras da fotografia, que dão um tom bem mais sombrio do que o de SUPERMAN - O RETORNO (2006), de Bryan Singer, claramente uma homenagem ao imbatível SUPERMAN – O FILME (1978), de Richard Donner. A influência de Nolan é tanta que ele, nas funções de produtor e roteirista, eclipsa, para o bem e para o mal, a direção de Zack Snyder, que aqui se mostra bem mais contido em seu estilo um tanto cafona, talvez por causa do resultado horrível de SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL (2011).

Esse aspecto mais sombrio e pessimista pode ser reflexo dos tempos atuais, em que simples supervilões são constantemente vistos como terroristas. Não é muito diferente em O HOMEM DE AÇO com Zod (Michael Shannon), o kryptoniano que aparece em busca de Kal-El. O vilão, aliás, é apresentado logo no prólogo, que mostra Jor-El (Russel Crowe) e esposa, nos momentos finais de Krypton, preparando a criança a ser encaminhada a um certo planeta de sol amarelo, que lhe conferiria superforça. Ele seria, para os humanos, como um deus.

Aliás, há muitos simbolismos que remetem ao Cristianismo e a Jesus, seja pela idade do herói (33 anos), seja pelo fato de ele se entregar aos seus inimigos, deixar-se algemar, quando pode tranquilamente se desfazer das algemas, e seja principalmente por ele ser um salvador da humanidade.

Falando em simbolismos, impressionante a mania de Nolan em lidar com símbolos para dar mais credibilidade aos heróis. Assim como acontece em BATMAN BEGINS, em que ele tem que falar sobre o simbolismo do morcego, lá vem ele explicar o "S" do uniforme de Superman, que, segundo o próprio herói, não é um "S", mas um símbolo de esperança. De qualquer maneira, essas buscas por "verdade" em um mundo de fantasia têm os seus méritos, principalmente neste filme em especial.

A montagem fragmentada de O HOMEM DE AÇO é outro aspecto positivo. Começando com a grande elipse que vai do prólogo a um dado momento na vida de Clark Kent, passando pelos flashbacks que o mostram em situações da infância, todo esse preparatório, por mais quebrado que pareça, dá à narrativa uma boa preparação para a aventura principal, que é a luta de Superman com Zod.

As lutas físicas com o grande inimigo, inclusive, são muito boas, remetendo aos quadrinhos e a algumas animações que não têm medo de parecer exageradas. Até porque se trata de Superman, o homem mais forte da Terra. Logo, as lutas teriam que deixar um rastro de destruição mesmo. O fato de a luta entre Superman e Zod se estender bastante ao longo do filme é uma boa maneira de mostrar a dificuldade do herói de vencer o vilão. Uma pena é que o vilão não fuja das caricaturas de tantos outros vilões tediosos do cinema (e dos quadrinhos). Mas isso é algo que pode ser facilmente relevado, embora seja um elemento incômodo.

Outra coisa que pode incomodar um pouco é o fato de Lois Lane, vivida por Amy Adams, ser uma personagem quase onipresente na trama. Só não dá pra reclamar mais porque Amy é linda e ótima atriz. Mas forçam muito a barra ao dar importância demais à sua personagem, principalmente durante o confronto de Superman com Zod. Amy e os outros coadjuvantes de luxo (Kevin Costner, Diane Lane, Lawrence Fishburne), aliás, são peças muito importantes para auxiliar no desempenho de Henry Cavill como o novo Superman. Ele convence, tem beleza máscula e porte atlético e não compromete nas cenas dramáticas. E estar ao lado de um elenco de apoio de qualidade ajuda muito.

Um mérito dos filmes de super-heróis de Nolan (no caso, a trilogia do Batman e este O HOMEM DE AÇO) é a coragem de dar um andamento mais lento e uma duração mais longa, quando o que impera entre os blockbusters contemporâneos é o exagero nos cortes e na rapidez. De certa forma, isso é bom, embora torne em alguns momentos o filme um tanto aborrecido. O que é de se esperar do Nolan, aliás. De todo modo, ele e Snyder fizeram um bom trabalho, trazendo um Superman que foge da sombra do filme de Donner, inclusive na trilha sonora, agora em tons mais soturnos, assinada por Hans Zimmer, que trabalhou na trilogia do morcegão e sabe dar um tom épico, apropriado ao personagem, à trama e também às novas tintas mais pesadas dos dias atuais.

Para encerrar, um detalhe que eu acho importante avisar: o 3D do filme é pura picaretagem. Não há 3D, praticamente. Vê-lo em 3D é desperdício de dinheiro e uma boa possibilidade de ter uma dor de cabeça, até pela longa duração. Recomendo, assim, a boa e velha cópia em 35 mm.

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