domingo, fevereiro 03, 2013

OS MISERÁVEIS (Les Misérables)



Quem diria que um musical de quase três horas de duração causasse tanto sucesso frente ao público de hoje? Não era uma aposta, por exemplo, da organização dos Cinemas UCI de Fortaleza, que havia colocado o filme numa sala com capacidade para 210 lugares e o transferiram no sábado para uma de 446 lugares, a maior do multiplex. Isso porque, já na primeira sessão de sexta-feira à tarde, OS MISERÁVEIS (2012) lotou a sala e pessoas chegaram a assistir ao filme sentadas no chão, de acordo com fontes confiáveis. A aposta comercial estava na comédia escatológica de Marlon Wayans (INATIVIDADE PARANORMAL). Que, de certa forma, era até mais previsível de ser vista como uma produção mais procurada.

Porém, a maior parte do público queria ver mesmo OS MISERÁVEIS, o filme baseado num dos musicais mais aclamados do mundo. Como se trata de uma obra muito famosa, há um grupo de apreciadores que já vai ao cinema conhecendo as canções de cor. E curiosamente a divulgação do filme procurava justamente esconder o fato de o filme ser um musical com pouquíssimas sequências faladas. Nem mesmo a Universal previa o sucesso.

O diretor Tom Hooper não esconde as raízes teatrais, com a intenção de passar a impressão de irmos ao teatro para ver uma ópera. Ou pelo menos uma herdeira do musical criado pelos italianos. Há muitos acertos na versão cinematográfica, a começar pela escolha do protagonista, Hugh Jackman, que já contava com experiência em musicais na Broadway, tendo já dado uma palinha de seu talento na edição do Oscar em que foi apresentador. Ele foi uma escolha acertada para viver o personagem Jean Valjean.

Ele é o homem que de procurado pela polícia passa para uma posição elevada na classe social, depois de alguns anos longe de Paris e de ter mudado de identidade. Seu grande inimigo é o persistente inspetor Javert, interpretado por Russell Crowe. Crowe, aliás, é talvez a pior escolha para o elenco do filme. Poucos fãs do filme gostaram de sua performance e muito menos de seu canto. Por outro lado, estão muito bem Anne Hathaway e Amanda Seyfried, bem como a dupla de trapaceiros vivida por Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter.

A trama lida com os destinos interligados destes dois personagens, mas principalmente com o encontro de Valjean com Fantine (Anne Hathaway), uma das trabalhadoras da fábrica que é demitida e colocada em meio aos inúmeros miseráveis que habitam as ruas da França. Fantine tem uma filha, Cosette, vivida por Isabelle Allen na infância e por Amanda Seyfried na adolescência. A menina seria criada por Valjean como se fosse sua própria filha, dando mais sentido a sua vida, uma vida atribulada, já que sempre fugindo do inspetor Javert.

Quanto à recepção do filme por mim, digamos que não senti a mesma emoção que os demais. Testemunhei, porém, uma sala repleta de pessoas muito emocionadas, algumas chorando até. O que eu vi foi uma produção muito caprichada, mas que, pelo menos nesta primeira apreciação, não me comoveu. Não vou atribuir culpa à direção de Tom Hooper, já que o filme foi bem recebido por tantos e o Hooper é o sujeito que tem em seu currículo a obra-prima JOHN ADAMS (2008), a emocionante minissérie produzida para o canal HBO sobre o segundo presidente dos Estados Unidos.

OS MISERÁVEIS recebeu oito indicações ao Oscar: filme, ator (Hugh Jackman), atriz coadjuvante (Anne Hathaway), direção de arte, figurino, maquiagem e cabelos, canção (“Suddenly”) e mixagem de som.

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