quarta-feira, dezembro 26, 2012

A NEGOCIAÇÃO (Arbitrage)























Está longe de ser um grande filme, mas A NEGOCIAÇÃO (2012) é um bom thriller dramático dirigido pelo estreante em longa-metragem de ficção Nicholas Jarecki. Tem um jeitão de filme para a televisão, sem muita sofisticação na direção ou no roteiro, mas que prende a atenção até o fim e que ainda conta com um elenco dos bons, encabeçado por um Richard Gere acima da média. O elenco de apoio, principalmente Susan Sarandon, como a esposa traída, e Tim Roth, como o investigador de polícia, também são responsáveis pelo sucesso do filme, sem precisarrm fazer muito esforço. Até porque seus papéis são mais simples, seus personagens são planos.

Quanto a Richard Gere, ele encontra aqui um papel mais desafiador, tendo que ser tanto um sujeito de moral condenável quanto alguém que pode ter a solidariedade do espectador, por estar numa enrascada e nos ter como cúmplices. Mas o espectador está numa posição privilegiada. Não corre o risco de ir para a cadeia como o personagem de Nate Parker, o jovem rapaz do Brooklyn para quem o ricaço liga para pegá-lo, depois que o carro da amante explode, junto com seu corpo sem vida. Ele sim, está numa enrascada tão grande quanto a do protagonista.

Na trama, Robert Miller (Gere) é um bilionário que está com sérios problemas em sua empresa, mas que consegue junto a seu contador esconder os rombos de suas contas. Essa é uma das razões por que ele quer vendê-la o mais rápido possível. Como se não bastasse ter que viver por um fio e ser talvez descoberto por alguma fiscalização, ele ainda mantém um caso com a secretária (Laeticia Casta). Na noite de uma exposição de arte da secretária, Miller sai com ela no carro, mas, devido a um cochilo, ele perde a direção do carro dela, que não sobrevive ao acidente. Ele sobrevive e abandona o local sem ligar para a polícia, pensando no quanto isso prejudicaria a venda de sua empresa.

Assim, o filme lida boa parte do tempo com a negociação que ele tem com os difíceis compradores da empresa, ao mesmo tempo em que se vê cercado por um detetive que quer encontrar uma brecha para colocá-lo atrás das grades, nem que seja através do sujeito que lhe ofereceu a carona, que até já tinha uma passagem pela prisão. Há também a personagem da filha (Brit Marlin), que trabalha para ele, mas que ainda não sabe das falcatruas do pai, e que é responsável por uma das melhores sequências do filme - a da conversa com o pai em um banco de praça.

A NEGOCIAÇÃO é o tipo de filme que envolve, tem um ar classudo, principalmente por vermos negociações e reuniões na limusine, mas que poderia ser melhor. Com um personagem e uma trama como essas, seguindo a cartilha de Alfred Hitchcock, um cineasta melhor faria um filme em que nós torceríamos mais pelo personagem; sofreríamos com ele durante toda a duração do filme; e sentiríamos o coração bater mais forte a cada momento que ele estivesse a ponto de ser desmascarado. Em vez disso, vemos o personagem com certo distanciamento. Isso pode ser visto como uma falha do filme, mas apenas se o levarmos a sério demais.

A NEGOCIAÇÃO recebeu uma indicação ao Globo de Ouro na categoria melhor ator (drama) para Richard Gere.

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