domingo, dezembro 23, 2012
A ARTE DA CONQUISTA (The Art of Getting By)
Entre as sessões de A ARTE DA CONQUISTA (2011) e O IMPOSSÍVEL tive tempo de dar uma parada para escrever sobre o que tinha acabado de ver. Na verdade estava em estado de graça com o filme. Nem todas as críticas brasileiras lhe foram positivas, mas como cada filme fala diferentemente a determinada pessoa, tentarei transcrever algumas coisas que destaquei a respeito desse trabalho de estreia do diretor Gavin Wiesen. E como sei que escrevi muita coisa que pode soar piegas vou procurar deixar o texto um pouco menos comprometedor.
Antes de mais nada, vou confessar que me surpreendi com o filme, que começou sem muita graça. Na trama, Freddie Highmore é George, um estudante secundário que está por um fio para ser expulso da escola por não fazer as atividades que os professores lhe aplicam. Ele não vê sentido na vida, ia ver sentido na escola? Assim como acontece com George, tudo melhora, inclusive o filme, a partir do aparecimento em cena de Sally, vivida pela jovem e encantadora sobrinha de Julia Roberts, Emma Roberts.
Quando ela surge, a vida de George fica mais interessante, mais colorida, mas também mais dolorosa, pois surge a partir daí um sentimento forte que ele passa a nutrir por ela. Um sentimento que ele não consegue expressar por pura timidez e falta de prática, que são coisas que causam estragos na vida de muitas pessoas, especialmente na fase da adolescência. Na maioria das vezes, essas pessoas se enchem de arrependimentos de coisas que não fizeram. Principalmente no campo afetivo.
Segundo o próprio diretor, George é uma versão exagerada de si mesmo quando jovem. Por isso o filme tem um ar tão próprio, embora se renda aos clichês dos filmes românticos em seu final idealizado. Mas mesmo esses clichês são bem-vindos, porque funcionam como um presente para o espectador que se envolve tanto com o filme que chega a se identificar com o personagem. E a estreia de Wielsen faz algo por nós: dá voz a esse sentimento tão difícil de sair do peito.
A ARTE DA CONQUISTA tem o mérito de reanimar sentimentos adormecidos, de trazer de volta a excitação de ir pela primeira vez a uma festa, estando lá a garota que amamos. Faz-nos sentir (ou lembrar) como é passar o réveillon vomitando, bêbado e com dor de cotovelo por causa de alguém.
No entanto, o filme não lida apenas com o sentimento de George por Sally e vice-versa. Há outras coisas em jogo também, que mesmo ficando em segundo plano também são tratadas com grande sensibilidade por Wielsen, como a subtrama de sua mãe e o padrasto; ou de seus problemas com os professores e o diretor da escola.
A ARTE DA CONQUISTA é filme de sentimentos. E por isso mesmo talvez não agrade muito às pessoas mais racionais, que podem vê-lo como um filme menor. Mas um filme menor que me deixa olhando para a tela preta enquanto os créditos sobem, não querendo ainda voltar para a vida real, é um filme menor que ganhou o meu respeito. Sem falar que há uma trilha sonora linda, com canções especiais. Há de The Shins (“We Will Become Silhouettes”) e Pavement (“Here”) a Leonard Cohen (“Winter Lady”).
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