segunda-feira, dezembro 17, 2012

ADEUS, PRIMEIRO AMOR (Un Amour de Jeunesse)























O cinema francês traz a temática do amor com muito mais frequência do que a cinematografia americana. Talvez porque os americanos sejam mais práticos e eles mais sensíveis. Por outro lado, além de mais sensíveis, os franceses também, paradoxalmente, são mais reflexivos e racionalistas. Claro que dizer de maneira assim, tão generalizada, pode ser uma estupidez, mas isso é a impressão que tenho a partir do apanhado de filmes franceses e americanos já vistos.

Daí chegamos a este ADEUS, PRIMEIRO AMOR (2011), de Mia Hansen-Løve, que começou a carreira no cinema como atriz dos filmes de Olivier Assayas. ADEUS, PRIMEIRO AMOR é o seu terceiro longa-metragem. A história é simples: garota é loucamente apaixonada por um rapaz que resolve deixá-la para fazer uma viagem por tempo indeterminado para a América do Sul.

Mas não se trata de um filme que se apoia na história. Há todo um cuidado com o tempo, que passa como um rio por nossos olhos. O tempo na vida da jovem Camille, vivida por Lola Créton, que poderá ser vista no mais recente filme de Assayas, APRÈS MAI. Ela é muito sentimental - usa o termo "depois do amor" para falar de sexo, como Roberto Carlos cantava em suas canções - e apegada ao namorado Sullivan (Sebastian Urzendowsky). Ele é um pouco mais prático e ao mesmo tempo complexo: luta contra o forte sentimento que nutre por ela pois quer viajar para um lugar distante e aprender a ser alguém mais forte e decidido na vida.

Acontece que quem tem que ser mais forte, pelo menos aos nossos olhos, é Camille, que ano após ano vai tentando se ligar nos estudos e no trabalho para esquecer Sullivan, que até deixa de lhe escrever por uns anos. A dor de Camille é sentida e compartilhada conosco. Afinal, quem nunca sofreu por amor? Quem nunca se sentiu como se a vida não tivesse mais sentido com a ausência da pessoa amada? Esse tipo de sentimento é semelhante a um luto, que dependendo do amor nutrido pode doer mais ou menos.

Outra coisa bastante presente nos filmes franceses e que não falta neste lindo exemplar de Hansen- Løve é a natureza. No caso de ADEUS, PRIMEIRO AMOR faz lembrar, inclusive, os melhores trabalhos de Eric Rohmer, que parece ser uma influência mais próxima para a diretora do que Assayas, esse cineasta tão ligado às cidades. Em ADEUS, PRIMEIRO AMOR há o campo, os rios, a praia, o tempo ensolarado, que nos faz pensar na França como um paraíso idílico. E o filme, contando uma história comum, alcança a poesia.

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