quinta-feira, março 11, 2010
DIREITO DE AMAR (A Single Man)
Eis um filme que poderia ser muito melhor apreciado no cinema se não fosse a tosca cópia digital da Rain. Pelo menos o projecionista do Cine Aldeota teve a inteligência de dar um zoom, evitando que víssemos um filme em scope num pedacinho de tela cercado por tarjas pretas por todos os lados. Diminuiu um pouco o incômodo, mas a imagem escura e as cores sem vida causam até uma leve dor de cabeça. Esse tipo de projeção, dependendo do filme, até que não incomoda. O AMOR SEGUNDO B. SCHIANBERG, por exemplo, já que foi filmado em câmera digital e já sabemos que a imagem é ruim mesmo, dá pra relaxar. Acredito não ser o caso de DIREITO DE AMAR (2009), que tem suas belas imagens (acredito eu) muito prejudicadas. A certeza disso vem quando leio textos sobre o filme, comparando seu visual com Wong Kar-wai e Douglas Sirk.
Se a fotografia não pode ser apreciada em sua totalidade, a performance de Colin Firth não deixa de chamar a atenção. Firth é um ator que até então não tinha mostrado todo o seu talento. Foi no papel de um depressivo professor de inglês homossexual que ele mostrou do que é capaz e recebeu uma indicação ao Oscar. Mas DIREITO DE AMAR é mais do que um filme de ator. O trabalho delicado de Ford merece atenção. Por mais que parte do público esteja achando todo o fetichismo do diretor com roupas, óculos, carros e objetos de decoração pura frescura. Alguns dizem que o filme parece um longo comercial de óculos ou roupas. Não concordo. Pra mim, o estilista/diretor tem futuro no cinema, se desejar seguir mesmo o caminho. A narrativa lenta, os closes, o tom melodramático, a música de fundo de Abel Korzeniowski, com muitos violinos, tudo contribui para um belo resultado.
O filme mostra um dia na vida do professor George Falconer e sua decisão de tirar a própria vida. Há tempos ele vive infeliz. Desde a morte de seu companheiro num acidente de carro. Flashes de momentos do passado de George nos situam. Mais do que um filme sobre relacionamentos homossexuais, DIREITO DE AMAR é sobre um homem que deseja tirar a própria vida. Como O DIABO PROVAVELMENTE, de Robert Bresson, e O GOSTO DE CEREJA, de Abbas Kiarostami. Julianne Moore é uma coadjuvante de luxo, no papel da melhor amiga de George, também viúva e que sente atração física pelo amigo gay. O desfecho é muito bonito.
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