segunda-feira, outubro 19, 2009

DISTRITO 9 (District 9)



Só não digo que DISTRITO 9 (2009) foi uma decepção porque já estava mesmo com um pé atrás diante de tanto hype em torno do filme. Mas apesar de ter achado o clímax chato como num filme de ação hollywoodiano dos mais convencionais e genéricos, não dá pra negar a importância e a diferença que o filme faz diante do atual momento. Diferença e semelhança, pois a moda dos mockumentaries é quase uma praga e acho até que está esgotando suas forças. Dez anos depois de A BRUXA DE BLAIR, nos últimos anos voltou-se a fazer filmes que procuram a "verdade" por trás de uma câmera portátil amadora ou de uma reportagem de televisão. REDACTED, CLOVERFIELD, [REC] e seu remake americano QUARENTENA, DIÁRIO DOS MORTOS e até a série de televisão THE OFFICE são exemplos desta atual obsessão pelo registro audiovisual. Daria um belo estudo de caso, até.

Em DISTRITO 9, a mudança do registro mockumentary para o modo convencional me incomodou um pouco, mas depois aceitei essa escolha, pois imaginei que o que era mostrado na câmera convencional seria a verdade, algo que a câmera da reportagem dificilmente captaria. Inclusive, o protagonista, sempre que passa por alguma situação vergonhosa, quando vai visitar a favela dos aliens, pede para desligarem a câmera. O filme utiliza o registro convencional, "onisciente", quando vemos o ponto de vista dos aliens e depois o do sujeito que foi se transformando em alien, numa possível referência ao A MOSCA, de David Cronenberg. O filme seria, portanto, uma crítica à manipulação das informações pela imprensa. Há, claro, outra série de pontos, de natureza mais sociológica, como a exclusão social, que fazem com que a obra ganhe mais admiradores, além dos fãs de filmes de ação e ficção científica. Porém, antes de mais nada, DISTRITO 9 precisa ser bem sucedido no plano superficial, como filme de gênero.

Na trama, uma nave alienígena paira sobre Johanesburgo, maior cidade da África do Sul. Os alienígenas encontrados na nave estão doentes e subnutridos e são levados ao solo e colocados numa área que, vinte anos depois, se torna uma favela. Os aliens passam a ser hostilizados pelos humanos e a negociar com os mercenários da região, os nigerianos. Inclusive, li que o filme causou polêmica na Nigéria. Mas cortar as cenas envolvendo os nigerianos, como a ministra da informação do país pediu à Sony, seria como tirar quase todas as cenas de mexicanos de westerns americanos.

A transição gradual do mockumentary para o filme de gênero convencional faz com que DISTRITO 9 perca alguns pontos, mas as sequências do protagonista lidando com sua nova condição, depois de ser infectado por um líquido alienígena, estão entre as melhores do filme. O excelente uso dos efeitos especiais também deve ter deixado o padrinho Peter Jackson orgulhoso. E o nome do diretor, Neill Blomkamp, apesar de complicado de lembrar, é desde já uma promessa para o cinema nos próximos anos.

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