sexta-feira, setembro 19, 2008

MAMMA MIA!



Entre uma cochilada e outra, fui conferir MAMMA MIA! (2008), de Phyllida Lloyd, musical que tem como grande diferencial ter todo o repertório composto de canções da banda sueca Abba. Nunca fui muito fã do Abba, banda considerada meio brega até pouco tempo, e acho até triste as suas canções, apesar de parecerem superficialmente alegres. "Dancing Queen" é o maior exemplo disso. Não sei se essa impressão que eu tenho é fruto da apreciação de O CASAMENTO DE MURIEL, mas toda canção da banda que eu ouço eu acho triste. Assim como também acho triste as canções ditas mais alegres da primeira fase dos Beatles. Mas eu sou meio freak mesmo, desses de ficar triste em festa e feliz em dias chuvosos. Mas falando em Beatles, não tem como não comparar MAMMA MIA! com ACROSS THE UNIVERSE, de Julie Taymor, que foi um filme que me agradou bem mais, até pelo fato de eu conhecer todo o repertório, enquanto do Abba só conheço mesmo as mais clássicas.

Há quem diga que ACROSS THE UNIVERSE é brega, mas apesar de MAMMA MIA! se utilizar bem menos de efeitos visuais e outros recursos estilosos para encantar a platéia, MAMMA MIA! me pareceu bem menos consistente. Quando saí do cinema, eu estava culpando o sono, mas agora acho que vou me juntar ao grupo dos que não gostaram do filme, ainda que tenha gostado de uma cena ou outra, principalmente as cantadas por Amanda Seyfried (a filha mais velha da família da série BIG LOVE), que se mostra encantadora e bem mais solta no filme. Na série, eu estava acostumado a vê-la mais presa às regras da religião dos pais e dificilmente dando um sorriso.

Dessa vez, ela já começa sorrindo, animada pelo fato de ter convidado para o seu casamento os seus três possíveis pais, que ela acabara de descobrir da existência graças ao fato de ter encontrado um diário antigo de sua mãe (Meryl Streep, que também é boa cantora), em que ela narrava as aventuras de sua juventude nos anos 70. A mãe até hoje vive num ambiente o mais natural possível, separada da civilização, numa pequena ilha na Grécia. Os prováveis pais da garota são protagonizados por Pierce Brosnan, Stellan Skarsgård e Colin Firth. O filme pode ser visto como uma celebração da vida, com as canções da banda sueca e o clima festeiro, mas confesso que foram pouquíssimos os momentos que me deixaram um pouco alegre.

O que mais me fez pensar entre uma cochilada e outra foi no quanto os musicais de hoje bebem da fonte das canções do passado e que isso pode ser reflexo da própria sociedade atual, que tem preferido buscar coisas do passado a criar canções originais para os novos musicais ou pegar coisas de bandas novas. Além dos dois musicais citados, basta lembrar também de NÃO ESTOU LÁ, de DE-LOVELY – VIDA E AMORES DE COLE PORTER, de C.R.A.Z.Y. – LOUCOS DE AMOR e de MOULIN ROUGE. Até mesmo Woody Allen se utilizou desse recurso no delicioso TODOS DIZEM EU TE AMO. Isso, em se tratando de cinema em língua inglesa, pois parece estar havendo uma tímida revitalização do musical na França, vide o recente CANÇÕES DE AMOR, de Christophe Honoré. Ainda assim, mantenho a teoria de que as pessoas, pelo menos as da minha geração e várias das de mais de 20 anos, têm procurado muito mais as velhas e boas canções dos anos 60, 70 e 80 do que o material requentado que vem sendo produzido atualmente no show business.

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