quinta-feira, julho 03, 2008

JOGADORA INFERNAL (Heller in Pink Tights)



Se George Cukor ficou conhecido como o cineasta das estrelas e enquanto ele ainda estava em atividade, uma certa atriz italiana se transformou em sensação mundial, não é de se admirar que o destino tenha unido Cukor com Sophia Loren nesta mistura de comédia com western chamada JOGADORA INFERNAL (1960), que também pode ser visto como mais um filme do cineasta sobre o mundo dos espetáculos. Claro que ele aproveitou também os clichês do gênero western, ainda que não fosse a sua praia, mas na verdade, vendo o filme logo depois de LES GIRLS (1957), dá pra notar o carinho que ele nutria pelas companhias de teatro, que foi o lugar de onde ele veio, antes de se tornar um cineasta bem sucedido. Isso é mais sentido principalmente quando a companhia chefiada pelo personagem de Anthony Quinn ameaça se esfacelar e fica aquele clima de "foi bom enquanto durou", de saudade, que é sentido também em LES GIRLS. Eis uma das vantagens de se ver os filmes dos cineastas em ordem cronológica, sendo possível fazer links de um trabalho mais recente para outro.

Ainda assim, JOGADORA INFERNAL não é dos meus favoritos do diretor. Pareceu-me muito convencional e excessivamente leve e sem graça. Cukor definitivamente não combina com westerns, por mais que esse filme não seja um western no sentido puro. Está mais para uma comédia dramática que por acaso se passa no tempo das diligências, dos pistoleiros e dos ataques indígenas. Na trama, Tom Healey (Anthony Quinn) é diretor de um grupo de teatro intinerante, famoso por sair às pressas de cada cidade que passa. Depois de fugir das garras de um xerife, eles chegam a uma outra cidade, onde entram em contato imediatamente com a morte de dois homens por um pistoleiro (Steve Forrest). Sophia Loren é Angela Rossini, uma mulher que está "passando uma chuva" na trupe de Healey. Mas não sem antes conquistar o coração do homem. O problema é que ela é uma mulher vivida e o termo "mulher vivida" no velho oeste não é visto como algo positivo pela sociedade. Assim, ela ainda não tem a idade nem a vontade de se casar com Healey. Ou pelo menos não sabe ainda o que quer da vida.

Um dos produtores do filme é Carlo Ponti, então marido de Sophia Loren, e responsável por diversos sucessos na carreira da atriz. Pode-se dizer que até hoje nenhuma atriz italiana alcançou o sucesso conseguido por Sophia, que nem era tão bonita assim, mas que tinha o seu charme e que ganharia um Oscar no ano seguinte com DUAS MULHERES, de Vittorio De Sica. Eu, particularmente, em termos de beleza e sex appeal prefiro a Claudia Cardinale, que também chegou a fazer uma carreira internacional e a trabalhar em Hollywood, mas não tanto quanto Sophia. Mas voltando ao filme, um dos destaques é o belo colorido em technicolor, acentuando sempre a cor vermelha, especialmente quando a personagem de Sophia está por perto. Pena que é um filme morno, que não encanta. Apenas serve como um bom entretenimento e serve também para engrossar a fileira de estrelas que passaram pela mão de Cukor. No bom sentido, claro. Até porque, pela orientação sexual do diretor, não podia ser diferente.

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