terça-feira, dezembro 11, 2007
ROOT OF ALL EVIL?
Sou de ascendência evangélica e tenho uma tendência a valorizar certos aspectos da educação religiosa que tive, mesmo tendo sido sempre um peixe fora d'água e sempre fui muito questionador. Ainda assim, tenho um certo fascínio pela Bíblia e um interesse geral por quase todo tipo de religião, embora admita ter um pouco de preconceito com as religiões africanas, afro-brasileiras e afins. Com o tempo, fui me interessando por crenças que nada têm a ver com o que me foi ensinado na escola dominical, nos livros de teologia que eu costumava ler ou no que o pastor pregava. Até hoje, por exemplo, não encontrei respostas para coisas como por exemplo: por que Jesus morreu na cruz por nossos pecados? Se ele não tivesse morrido, o que seria da humanidade? É uma questão básica, mas até hoje não ouvi ou li nenhuma resposta que me deixasse satisfeito. Tudo parece um mistério velado e nunca muito bem explicado por pastores, reverendos e muito menos padres. Com o tempo, e com meus estudos em astrologia, acabei percebendo (ou aprendendo) que o sacrifício de Jesus teria sido o marco inicial da era de Peixes, uma era nebulosa que durou cerca de 2000 anos e que seria fundamentada na religião e no misticismo e teria o seu ápice na Idade Média, tida nos livros de História como a "Idade das Trevas".
Os valores da era anterior, a Era de Áries, como a bravura, a franqueza e a violência, seriam substituídos pelos valores piscianos: a sensibilidade, o sacrifício, a compassividade. Agora, na era de Aquário, podemos perceber que os valores passaram a ser outros: o idealismo, o progresso (seja ele científico ou não), o individualismo. Estamos vivendo novos tempos, como foi celebrado pelo hippies nos anos 70, mas mesmo eles não sobreviveram ao progresso constante e contínuo dessa era em que vivemos. Estamos em constante mutação e daqui a uns cem anos, o planeta Terra e a humanidade já não mais serão os mesmos. Para o bem e para o mal. Talvez Kubrick meio que quisesse dizer isso em 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO. Mas sinto que estou fugindo um pouco do foco central. Que é a religião ocidental monoteísta atacada pelo narrador e protagonista do documentário.
Não tenho nada contra os céticos, os ateus. Até admiro alguns deles, como o filósofo raivoso Nietzsche e seu ódio contra o Cristianismo, explicitada com veemência em "O Anticristo". Sou fã de sua energia e de sua dialética. Mas esse sujeito, Richard Dawkins, o cara do documentário ROOT OF ALL EVIL? (2006), me pareceu uma versão ainda mais pentelha de Michael Moore. O documentarista gordinho e inimigo dos Bush pelo menos é divertido e seus filmes são prestações de serviços para a humanidade. Quanto a Dawkins, ele se mostra no filme - na verdade um programa de televisão dividido em duas partes - tão extremista e radical em sua defesa pela ciência e contra a fé - que ele chama de "vírus da fé" - quanto aqueles a quem ele combate.
E quem são aqueles que ele combate? No caso, são os judeus, os evangélicos, os católicos e os mulçumanos. Usando como base a teoria evolucionista de Charles Darwin, por exemplo, ele tenta constranger um rabino que acredita que Deus criou mesmo o mundo em seis dias. A Terra não teria, portanto, bilhões de anos, como afirmam os cientistas, teria a quantidade de anos do calendário judaico. E da mesma maneira, ele cutuca os evangélicos, os católicos e os mulçumanos. Basta um maometano afirmar que o ato de 11 de setembro foi justo para que isso sirva para mostrar ao mundo que eles são vilões. Quanto aos católicos, eles têm teto de vidro e uma História tão podre desde os tempos de Constantino que é até covardia criticá-los, mas ele tenta debater sobre a crença na assunção de Maria, que surgiu seis séculos após a morte de Jesus, não consta na Bíblia e foi aceito como dogma apenas nos anos 1920. Atualmente, os católicos são especialmente criticados pela ridícula proibição de métodos anticoncepcionais, em plena era da Aids. Mas, por mais que as defesas de Dawkins sejam até justas, do jeito simplista que ele briga por seus ideais, o filme fica parecendo um programa para leigos. Fica parecendo que Dawkins não sabe que existem outras crenças, outras "verdades", além das pregadas pelos grupos que ele atacou. E que também têm a fé como algo fundamental.
Agradecimentos ao Renato pelo cópia do doc.
P.S.: Acabei descobrindo hoje onde eu vi a expressão "o tempo é uma raposa". Foi no trailer de MEU NOME NÃO É JOHNNY, filme brasileiro estrelado pelo Selton Mello. Pra quem não viu ainda, tem no youtube.
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