quinta-feira, junho 21, 2007

TERROR NA ÓPERA (Opera / Terror at the Opera)



Neste ano, completam-se 20 anos da realização de TERROR NA ÓPERA (1987), um dos melhores trabalhos de Dario Argento, talvez um dos poucos filmes do maestro que foi quase uma unanimidade entre críticos e fãs do seu trabalho na época de seu lançamento. E acho que foi a última chance que eu tive de poder ver um filme do mestre no cinema e não fui. Depois desse, nenhum dos trabalhos seguintes do cineasta foi lançado no circuito comercial brasileiro. Ou será que DOIS OLHOS SATÂNICOS (1990) chegou a passar nos cinemas e eu não lembro? Bom, se passou, não chegou aqui. Mas se depender da torcida dos fãs, LA TERZA MADRE (2007) vai poder ser visto na gloriosa tela gigante. Vamos torcer.

Quanto a TERROR NA ÓPERA, trata-se de um dos mais belos e elegantes trabalhos de Argento. O diretor junta, num só pacote, a tradição italiana da ópera, o heavy metal nas cenas de assassinato, muita sanguinolência, cenários suntuosos e a maldição em torno da ópera "Macbeth", de Giuseppe Verdi. Inclusive, durante a realização do filme, dizem que muita coisa deu errado, até mesmo a morte de um dos atores, o que deixou Argento imaginando que o filme também seria amaldiçoado. A habilidade do cineasta com os travellings está azeitadíssima, o que faz com que a experiência de ver o filme, ainda que na tela pequena, seja bem especial. Já havia visto TERROR NA ÓPERA em vhs há muito tempo, mas ver na janela correta, em scope, é fundamental para uma apreciação mais completa. O lado sádico do diretor dessa vez se apresenta principalmente pelo uso das criativas agulhas colocadas perto dos olhos da protagonista (Cristina Marsillach) para que ela seja forçada a ver os brutais atos de crueldade do assassino.

Como sempre acontece nos trabalhos do diretor, a estória não é um ponto forte. É até um prato cheio para os "nossos amigos, os verossímeis" - como os chamaria o mestre Hitchcock - implicarem. Na trama, Betty, uma jovem soprano frígida e que precisa de técnicas de relaxamento para dormir, é chamada às pressas para substituir uma famosa soprano no espetáculo "Macbeth". Acontece que um misterioso maníaco está seguindo os seus passos e a contagem de corpos vai se acumulando. O forte do filme não é mesmo a trama - que mesmo assim tem o seu charme -, mas os movimentos de câmera, as cores, a direção de arte, a construção atmosférica, o gore, nessa que é uma das mais melhores e mais livres adaptações de "O Fantasma da Ópera", aqui transformado num giallo graficamente violento. Uma pena que o diretor tenha feito o horrível UM VULTO NA ESCURIDÃO (1998) anos depois, tentando voltar sem necessidade à estória clássica de Gaston Leroux. Mas isso a gente releva, tenta esquecer.

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