segunda-feira, novembro 07, 2005

TUDO ACONTECE EM ELIZABETHTOWN (Elizabethtown)



Pode-se até não gostar dos filmes de Cameron Crowe, mas não dá pra se dizer que o diretor não tem personalidade. TUDO ACONTECE EM ELIZABETHTOWN (2005) tem a cara de Crowe. O filme é uma mistura de QUASE FAMOSOS (2000) com JERRY MAGUIRE (1996). A obsessão de Crowe por música pop está cada vez mais evidente e quase fora de controle. Foram dar total liberdade pro jornalista, olha ele aí dando uma de DJ nos filmes. Eu, como também sou apreciador de música pop - de vez em quando estou aqui falando sobre alguma canção que eu descobri em algum filme -, não tenho do que reclamar. Curiosamente, apesar de o filme ser recheado de belas canções, não teve nenhuma que realmente me encantasse. Conheço pouca coisa do repertório mostrado no filme - acho que só as canções do U2 ("Pride") e do Elton John ("My father's gun") -, mas acredito que elas devem ficar melhores numa segunda audição.

O problema do filme está na vontade que o diretor tem de querer ser poético e profundo sem conseguir ser. Em alguns momentos, até parece um desses livros de auto-ajuda. Ainda assim, não tem como não simpatizar com a sinceridade e a honestidade de Crowe. Seu filme é uma homenagem ao pai, já que em QUASE FAMOSOS, ele dava muito destaque à mãe, enquanto o pai era deixado de lado. Até me identifiquei um pouco com o personagem de Orlando Bloom, por causa da relação distanciada com o pai.

Na trama, Bloom é um executivo de uma indústria de sapatos que acaba de perder o emprego por causa do megafracasso de seu projeto de tênis, resultando num prejuízo de quase um bilhão de dólares. Ele até pensa em suicídio, quando uma ligação da irmã dizendo que seu pai falecera faz com que ele viaje até Elizabethtown para buscar o corpo do pai, que vivia separado da família. No avião, ele conhece a comissária de bordo vivida por Kirsten Dunst. A princípio, ele meio que rejeita a moça, mas depois ele acaba se interessando por ela.

A personagem de Kirsten é quase como uma figura angelical, mais até que a Kate Hudson de QUASE FAMOSOS, já que a Kate tinha um apelo sexual maior, o que acaba distanciando do que chamamos de anjo. Já com Kirsten, não há nenhuma tentativa de torná-la uma pessoa atraente sexualmente. A relação entre os dois seria mais espiritual e carinhosa do que sensual.

A trilha sonora incidental do filme foi composta por Nancy Wilson, esposa de Crowe. As canções do filme são, em sua maioria, rocks mais de raiz, para ficarem mais com a cara de Kentucky, e traz artistas como Tom Petty, Ryan Adams e Lindsey Buckingham.