sexta-feira, agosto 05, 2005

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE (Charlie and the Chocolate Factory)



Quando soube que Tim Burton iria fazer mais uma refilmagem, depois do controverso PLANETA DOS MACACOS (2001), achei que ele estava sofrendo de crise de criatividade. E talvez até esteja mesmo, mas, felizmente, a nova versão de A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE (2005) é um de seus melhores trabalhos, ainda que esteja longe de ser tão bom quanto ED WOOD (1994), sua obra-prima.

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE se sustenta melhor no primeiro ato, quando vemos toda aquela expectativa em torno do garotinho Charlie ganhar um dos cinco golden tickets que darão ingresso à misteriosa fábrica. Aquilo ali é pura magia. Os créditos iniciais, com a música de Danny Elfman já nos antecipa o que virá. E Burton reafirma seu poder como grande contador de histórias fantasiosas. O barroquismo e as inúmeras bizarrices típicas do diretor não poderiam faltar. Destaque para a casa torta de Charlie e os seus quatro avós que passam o dia deitados na mesma cama! Johnnie Depp também confirma que quando está trabalhando com Burton, o resultado é dos melhores. Depp e Burton dizem que não se inspiraram em Michael Jackson para fazer o Willy Wonka, mas a semelhança é tanta que fica difícil de acreditar.

Só achei que a partir do momento que os meninos entram na fábrica, o filme perde um pouco do encanto inicial. Mas há quem pense o contrário e adore os oompa loompas e suas bizarras canções e coreografias. Uma das melhores críticas que eu li do filme é a de Filipe Furtado para a Contracampo. Ele vê as coreografias dos oompa loompas como uma espécie de celebração da morte, já que eles aparecem para cantar sempre que acontece algum acidente com alguma das crianças, acidente esse que simbolizaria suas mortes. Interessante.

Entre os pontos altos do filme, estão os flashbacks da infância de Willy Wonka, principalmente por conta da aparição do lendário Christopher Lee. Na falta de Vincent Price, que havia aparecido em EDWARD MÃOS-DE-TESOURA (1990), temos o nosso Drácula preferido. (Se bem que Price, apesar de fazer muito filme de horror, era uma simpatia, não consigo vê-lo como uma pessoa malvada.) Sobre Willy Wonka, rolou uma interessante discussão no blog do Marcelo V. sobre a natureza perversa do personagem. Seria ele perverso mesmo? Às vezes, tem-se a impressão que ele não deseja mal às crianças, vê os acidentes com elas apenas como algo que saiu errado - o que aliás só confirma a semelhança com Michael Jackson. Por outro lado, como tudo aquilo já estava preparado para os moleques, com direito a canções personalizadas e coreografias zombeteiras, acredita-se que estava tudo planejado. Não sei o que Burton fez de diferente da primeira versão, a de Mel Stuart. Gravei-a no fim de semana, quando passou no SBT, mas não assisti ainda. Qualquer dia eu vejo e comento por aqui.

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