segunda-feira, agosto 29, 2005

A CHAVE MESTRA (The Skeleton Key)



Será que todo filme de terror deve ter mesmo a obrigação de assustar? Seguindo a mesma lógica e comparando com outro gênero: toda comédia tem a obrigação de fazer rir? Acredito que não. Algumas possuem um humor bastante sutil, outras são carregadas de um senso de humor estranho demais para a maior parte das platéias, mas que nem por isso são desprezadas. Claro que em se tratando de horror, o filme conquista mais o nosso respeito quando faz a gente se borrar nas calças (felizmente isso nunca aconteceu comigo), ou quando nos dá arrepios ou nos faz pular da cadeira. Se bem que atualmente o público já está desconfiado de filme que assusta, apelando para a aparelhagem de som da sala.

Por isso, fazer cinema de horror está se tornando um desafio para os novos diretores. Por isso, a ordem tem sido reciclar. A CHAVE MESTRA (2005), dirigido pelo inglês Ian Softley, que tem no currículo o ótimo BACKBEAT - OS CINCO RAPAZES DE LIVERPOOL (1994), é desses filmes de terror que não assustam, mas que nem por isso merece o desprezo da platéia. É o tipo de filme que tem o mérito de envolver, de trazer alguma novidade para o gênero que anda um pouco repetitivo ultimamente.

Só o fato de o filme ter a presença da maravilhosa Kate Hudson, um colírio para os olhos, já é motivo mais do que suficiente para tirarmos o nosso traseiro gordo do sofá e nos dirigirmos a uma sala de cinema de nossa preferência. Principalmente porque tem uma cena que explora gratuitamente (oba!) o corpo de nossa heroína.

A trama do filme, a cargo do roteirista Ehren Kruger, de O SUSPEITO DA RUA ARLINGTON (1999), O CHAMADO (2002) e O CHAMADO 2 (2005), é bem interessante e fala sobre um assunto pouco explorado no cinema, que é o da religião nativa do delta do Louisiana, que trabalha com magia. Kate Hudson é uma jovem que aceita trabalhar numa casa distante uma hora de Nova Orleans. Seu trabalho é cuidar de um senhor que sofreu um derrame e vive em estado vegetativo, vivido por John Hurt. Aos poucos, ela começa a desconfiar que o verdadeiro inimigo daquele homem doente é sua própria esposa, maquiavelicamente interpretada por Gena Rowlands, fazendo um filme bem atípico em sua filmografia. Completando o quadro, há também a figura do advogado da família (Peter Sarsgaard), que está preparando o testamento do velho. A chave mestra do título é uma chave que dá acesso a todos os quartos da enorme casa, onde Kate Hudson irá descobrir certas coisas teoricamente horripilantes, mas que na prática não assustam tanto assim.

Inclusive, a seqüência do disco me fez lembrar de VINIL VERDE, o curta-metragem de Kleber Mendonça Filho, esse sim um filme que me causou até pesadelos de tão impressionado que eu fiquei. Outro filme que pode ter sido uma referência proposital é POLTERGEIST, de Tobe Hoooper e Steven Spielberg. O nome da personagem de Kate no filme é Caroline, e Gena Rowlands grita o seu nome várias vezes ao longo do filme. Se isso não for uma homenagem ao filme dos anos 80, é uma baita coincidência. A CHAVE MESTRA seria um filme que iria facilmente para o esquecimento se não fosse o final corajoso e cruel. Merece, com certeza, uma conferida.

P.S.: No Cinema com Rapadura, está no ar minha nova coluna, dessa vez falando sobre o nosso Cine São Luiz. Quem é leitor do blog, vai notar a minha picaretagem em reaproveitar partes de um certo post.

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