sábado, junho 11, 2005

O HOMEM PODE VOAR

 

Ter visto esse ano O AVIADOR, de Martin Scorsese, foi muito importante pra mim. O filme me deu uma boa noção do que foram aqueles loucos anos 20, com as pessoas fazendo loucuras no céu com aqueles teco-tecos. Não que o filme tenha me feito ficar interessado em aviões - sou mais interessado em pessoas do que em coisas -, mas hoje admiro a coragem que essas pessoas tinham em pilotar aquelas máquinas. 

Agora, corajosos mesmos foram os pioneiros, os criadores dos aviões, destaque para o famoso Santos Dumont, brasileiro que teve a sorte de ser filho de milionário e ir estudar na França. O pai financiava todas as suas experiências e dinheiro não era preocupação pra ele. Assim, ele teve tempo de se dedicar à sua principal obsessão, que era construir um meio de transporte aéreo. 

O documentário O HOMEM PODE VOAR, de Nelson Hoineff, conta um pouco da história dessa batalha que Santos Dumont travou para conseguir voar, mostrando suas várias tentativas, como também diversas máquinas malucas criadas por ele e por seus contemporâneos. O problema do filme é que ele é muito didático, o que me deixa com dúvidas se é realmente um documentário adequado para se passar no cinema. Documentários assim podem ser vistos no Discovery Channel. Talvez o que mais lembra cinema no filme seja a narração de Roberto Maya, famoso por interpretar o personagem Marcelo em alguns filmes de Walter Hugo Khouri, embora ele seja mais conhecido como o apresentador do Documento Especial, da extinta Rede Manchete, que era um bom programa jornalístico sensacionalista. O próprio Hoineff, diretor do filme, quando subiu ao palco do Cine São Luiz para as apresentações falou que não se considera um cineasta, mas um jornalista. Isso fica evidente no filme. 

Ele pega um assunto que até poderia se transformar num grande filme, em algo bem interessante, mas não faz valer o tema. Diferente, por exemplo, de um filme como NELSON FREIRE, de João Moreira Salles, que faz exatamente o contrário, contando a vida de um pianista pouco popular . Claro que o material utilizado em O HOMEM QUE PODE VOAR é escasso, já que existem poucas imagens em movimento de Santos Dumont. Por isso, eles tiveram que apelar para as narrações em cima de fotografias estáticas e pouco material cinematográfico da época, incluída aí uma cena rara de Dumont. Há também os usuais depoimentos de familiares e especialistas no assunto. 

Foi nesse festival que eu tive a chance de conhecer as tais projeções em digital, que já estão ficando freqüentes em São Paulo, apesar de desgostar à maioria dos cinéfilos de lá. Pra mim, além de a qualidade da imagem não se comparar com a da película, ainda vi uma leve falta de sincronia entre som e imagem, quando o filme mostrava pessoas falando. 

P.S.: Ontem começou a ser exibido CARANDIRU - OUTRAS HISTÓRIAS na Globo. O episódio de ontem foi dirigido pelo Walter Carvalho e todos tem direção geral de Hector Babenco e boa parte do elenco do filme. Pra quem gostou do longa-metragem, essa série de dez episódios é uma boa pedida.

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