A vida de Roman Polanski é tão cheia de coisas extraordinárias que até pode dar a impressão que O INQUILINO (1976) é seu filme mais pessoal. Afinal, assim como o protagonista de seu filme, que por coincidência (?) é vivido por ele mesmo, sua vida está cheia de eventos surreais. Três momentos são particularmente conhecidos: sua experiência traumática com o nazismo e os campos de concentração; o assassinato brutal de sua então esposa Sharon Tate pelo bando de Charles Mason; e sua fuga dos EUA depois de ser acusado de abusar de uma menor. Tudo isso é suficiente para virar a cabeça de uma pessoa pelo avesso. Se bem que em suas obras ele nunca pareceu mesmo um sujeito normal. Sua obsessão pelo bizarro sempre esteve presente. Ele já fez filmes sobre satanismo (O BEBÊ DE ROSEMARY, O ÚLTIMO PORTAL), vampirismo (A DANÇA DOS VAMPIROS, 1967), perversões sexuais (LUA DE FEL, CHINATOWN, O INQUILINO) e teve a coragem de exorcisar a morte de sua esposa com uma adaptação ultrasangrenta de MACBETH, de Shakespeare.
Assim como REPULSA AO SEXO, O INQUILINO é um thriller psicológico onde o horror não vem de fora. Ele está presente na mente do protagonista. Nesses filmes, Polanski mostra pessoas perdendo o controle da realidade e nos convida para descermos ladeira abaixo para dentro de suas mentes perturbadas. É diferente, por exemplo, de O BEBÊ DE ROSEMARY, onde temos certeza que o que está havendo com a personagem de Mia Farrow não é apenas paranóia da parte dela.
Na trama, o próprio Polanski interpreta um polonês que está à procura de um apartamento pra alugar em Paris. Tendo em vista a dificuldade de se conseguir um lugar pra morar na cidade, ele tem que ter muito cuidado ao falar com o dono do lugar, tendo que se esforçar para ser gentil e passar a idéia de que é uma pessoa de confiança. O apartamento que ele consegue não é dos melhores. Nem banheiro tem. Mas o maior problema é que a antiga moradora do apartamento tinha acabado de tentar suicídio se jogando da janela. Como ela não morreu da queda, ele vai visitá-la no hospital. Chegando lá ele conhece a personagem de Isabelle Adjani, que aparece com aqueles óculos enormes dos anos 70. Uma das cenas mais legais do filme é quando os dois dão uns amassos violentos dentro do cinema, fazendo inveja a um voyeur de plantão. Depois disso, a vida do inquilino segue num crescendo de horror e perturbação, até chegar num dos melhores finais de filme da carreira do diretor.
Um detalhe interessante (e meio spoiler, não custa avisar) é que a cena em que ele tenta o suicídio duas vezes pulando da janela, foi copiada (ou homenageada?) no filme VISÕES, dos Pang Brothers, em cartaz nos cinemas. E coincidentemente eu vi os dois filmes no mesmo dia.
Agradecimentos ao amigo Zezão, que levou lá pra casa o seu moderno aparelho de DVD que toca divx pra gente fazer uma sessão do filme. Já tinha o divx do filme há um tempão, enviado pelo amigo Fábio Ribeiro, mas não tinha conseguido ver no meu computador. Parece que o arquivo exige uma máquina mais potente e puxa muita memória. Quanto ao player, eu estou doido pra comprar um pra mim também. Aprovei. Até lá, vou aumentando minha coleção de cd's com filmes.
Pra terminar, um top 10 Roman Polanski:
1. O BEBÊ DE ROSEMARY (1968)
2. LUA DE FEL (1992)
3. CHINATOWN (1974)
4. O ÚLTIMO PORTAL (1999)
5. MACBETH (1971)
6. O PIANISTA (2002)
7. REPULSA AO SEXO (1965)
8. O INQUILINO (1976)
9. BUSCA FRENÉTICA (1988)
10. ARMADILHA DO DESTINO (1966)
Não vistos:
FACA NA ÁGUA (1962), QUÊ? (1972), TESS (1979), PIRATAS (1986).
1. O BEBÊ DE ROSEMARY (1968)
2. LUA DE FEL (1992)
3. CHINATOWN (1974)
4. O ÚLTIMO PORTAL (1999)
5. MACBETH (1971)
6. O PIANISTA (2002)
7. REPULSA AO SEXO (1965)
8. O INQUILINO (1976)
9. BUSCA FRENÉTICA (1988)
10. ARMADILHA DO DESTINO (1966)
Não vistos:
FACA NA ÁGUA (1962), QUÊ? (1972), TESS (1979), PIRATAS (1986).
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