quinta-feira, janeiro 13, 2005

ORNELLA MUTI EM DOIS FILMES

 

A belíssima romana Ornella Muti sempre foi apreciada por mim, ainda que tenha visto poucos filmes com ela - preciso reparar essa falha. Lembro que quando vi OS NOVOS MONSTROS (1977), em que ela aparece no segmento de Mario Monicelli, fiquei fascinado com tanta beleza e sex appeal. Nos anos 90, ela continuava um espetáculo. Nesse período, vi a moça no maravilhoso A VIAGEM DO CAPITÃO TORNADO (1991), de Ettore Scola, e no sensual O AMANTE BILÍNGÜE (1993), de Vicente Aranda. Recentemente, vi essa beldade em dois belos filmes, sob a direção dos mestres Marco Ferreri e Walter Lima Jr. No filme de Ferreri, ela está jovem e no auge da beleza física; no de Lima Jr., ela já é uma bela senhora com o passar do tempo transparecendo em seu rosto, porque ninguém é jovem pra sempre, né? 

CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO (Storie di Ordinaria Follia) 

Marco Ferreri é o diretor do perturbador e trágico A COMILANÇA (1973) e do excitante A CARNE (1991), pra citar apenas os filmes que vi dele. CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO (1981) é uma adaptação de "Erections, Ejaculations, Exhibitions and General Tales of Ordinary Madness", de Charles Bukowski, escritor que só há pouco tempo vim conhecer, graças principalmente ao Renato, que sempre elogiava o "velho safado". Tinha lido e adorado um livro de John Fante ("Contos de Bunker Hill") e resolvi comprar um do Bukowski, que seria da mesma linha. Ainda que não tenha gostado tanto de "Hollywood" quanto de "Sonhos de Bunker Hill", de Fante, deu pra eu sentir um pouco do que é o estilo de Bukowski. 

Quanto ao filme, ao contrário do que alguns dizem, achei bem parecido o personagem de Ben Gazzara com o escritor beberrão de "Hollywood", ambos personagens autobiográficos. (Por falar nisso, faz tempo que quero alugar BARFLY (1987), de Barbet Schroeder, mas sempre esqueço.) CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO é um filme que valoriza os malditos, os desgraçados, os bêbados, as prostitutas, os rejeitados, os losers. Talvez por não me sentir um "vencedor", consegui me identificar um pouco com o escritor beberrão interpretado por Gazzara. Algumas de suas aventuras no filme são bem engraçadas. Ornella Muti está maravilhosa como Cass, a prostituta que sofre de depressão. Ornella é uma explosão: sempre que aparece nua, parece que o mundo pára pra ver. O filme em si também é muito gostoso de ver, tem uma narração em off de Gazzara que nunca é redundante com as imagens, e ainda tem tiradas impagáveis. Pena que eu não anotei nenhum delas. Mas lembro que tinha algo sobre os cachorros terem mais estilo que a maioria dos seres humanos. 

Visto em DVD. 

UM CRIME NOBRE / O FILHO PREDILETO (Il Figlio Prediletto) 

Acho uma grande sacanagem um cineasta do porte de Walter Lima Jr. não estar tendo o merecido respeito aqui no Brasil. O último filme dele exibido nos cinemas foi A OSTRA E O VENTO, em 1997. UM CRIME NOBRE é um telefilme rodado em 2001, co-produção da Rede Globo com a RAI italiana. Não é sacanagem um filme dirigido por um grande diretor e estrelado por uma musa do cinema italiano ficar na geladeira por todo esse tempo? E o filme só passou na televisão agora porque a Rede Globo teve que arranjar outro filme pra pôr no lugar de BUFO & SPALLANZANI no seu Festival Nacional. O SBT, sem aviso prévio, resolveu passar o filme de Flávio Tambellini um dia antes de a Globo exibir, só pra irritar os chefões da poderosa emissora, que imediatamente moveram um processo judicial contra a rede de Silvio Santos. Foi só por causa disso que foi possível ver esse filme de Walter Lima Jr. 

A história de UM CRIME NOBRE é bem simples e novelesca: italiana (Ornella Muti) descobre que seu filho adotivo tem leucemia. Ela parte, então, para o Brasil a fim de descobrir o paradeiro da mãe biológica do menino para que se possa fazer um transplante de medula. Chegando no Brasil, ela contrata os serviços do detetive interpretado por Reginaldo Faria. 

A dublagem da Ornella ficou muito estranha e bem destacada do áudio dos atores brasileiros, mas isso é só falta de costume. Os italianos devem estar acostumados com dublagem ruim há um tempão. O que eu mais gostei no filme foi de ele se assumir como melodrama escancarado. Tanto que não resisti e chorei no final. Tem certas coisas que me comovem bastante.

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