domingo, janeiro 31, 2021

THE BOYS - PRIMEIRA TEMPORADA (The Boys - Season One)



Os dias andam nebulosos. Não sabemos mais uma vez do nosso futuro com esse novo aumento dos casos e dos óbitos por conta da Covid. Em casa, minhas crises alérgicas voltaram com força e foram um dos motivos de eu ter escrito tão pouco neste espaço neste início de ano. Tenho visto poucas séries, mas, vendo a primeira temporada de THE BOYS (2019), eu percebi que elas (as séries) têm uma capacidade de fazer com que esqueçamos dos problemas pessoais de maneira mais eficiente que os filmes. Talvez porque elas prolonguem nossa relação com o universo fictício e com os personagens. O que não quer dizer que seja puro escapismo.

THE BOYS, por exemplo, não teria a mesma força se não fosse feita durante a era Trump. Especialmente quando vemos o episódio “Good for the Soul”, em que somos levados a uma espécie de show gospel de supers que traz um discurso muito característico da ala trumpista, aliando religião, autoajuda estilo coach e autoritarismo. É neste episódio que Annie January, a Starlight, denuncia a imoralidade e o assédio sexual sofrido logo que entrou nos Sete, o maior grupo de super-heróis do planeta.

Logo no primeiro episódio, “The Name of the Game”, conhecemos o caráter bem pouco amável dos membros do grupo. Hughie Campbell (Jack Quaid) vê sua namorada transformada em pasta de sangue e carne quando é atropelada pelo A-Train (Jessie T. Usher), o homem mais rápido do mundo. Enquanto isso também vamos tendo consciência do alto grau de periculosidade do Superman deles, o Homelander (Antony Starr). Sua maldade não tem limites, assim como seu poder parece não ter meios de ser combatido.

Ainda assim, vingar-se de Homelander é a razão de viver de Billy Butcher (Karl Urban), que teve sua namorada estuprada pelo homem mais poderoso do mundo e agora se dedica a liderar um grupo secreto no combate a esses super-heróis que mais causam danos do que ajudam a humanidade, como quer levar a crer o marketing pesado para fazer desses seres celebridades idolatradas.

E Billy convida Hughie a se juntar ao grupo. Levado pelo ódio e pela tristeza, Hughie aos poucos vai se adequando àquela rotina (ou falta de rotina) que é tentar enfrentar os “sups” sem dispor de super-poderes. A não ser quando entra no grupo uma jovem e selvagem asiática. Quem acaba sendo uma aliada também é Annie, a novata nos Sete, mas com motivos de sobra para não gostar do grupo nem da manipulação que sofreu da própria mãe para se transformar em super-heroína e celebridade. Eu diria que Annie é, de longe, a personagem mais adorável da série, pela beleza interior e exterior, pela doçura e por acreditar em causas nobres.

Havia lido os dois primeiros volumes dos quadrinhos de Garth Ennis e Darick Robertson e admiro o quanto os criadores, diretores e roteiristas da série souberam transformar uma obra cheia de exageros e choque fácil em algo de dimensões mais profundas, dramáticas e com personagens mais fáceis de serem apreciados. Tanto os heróis (ou anti-heróis) quanto os “sups”, que na verdade são os vilões. Ainda assim, muito do espírito dos quadrinhos de Ennis (não apenas The Boys) está presente na série.

Achei o último episódio, “You Found Me”, extremamente saboroso e cheio de tensão e empolgação. Ótima a cena de Hughie tentando resgatar seus companheiros capturados; ótima a cena de Butcher tentando acertar o ponto fraco de Homelander; ótimo o gancho. E que bom que a segunda temporada já está disponível.

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