domingo, janeiro 17, 2021

SHOCK - DIVERSÃO DIABÓLICA



Ultimamente venho assistindo a alguns exemplares do cinema fantástico brasileiro. Como eu tenho um especial carinho pelo cinema de horror, são esses filmes os que mais me interessam. SHOCK - DIVERSÃO DIABÓLICA (1984), se não é um exemplar perfeito, é muitíssimo interessante, não apenas pela curiosidade de ser o primeiro slasher brasileiro (ou assim é considerado), mas por ser bastante inventivo na construção do clima a partir de uma proposta narrativa muito simples.

Antes de mais nada, quero dizer que não sou nenhum especialista em slashers. Só no ano passado que resolvi começar a ver a série Halloween e vi alguns da série SEXTA-FEIRA 13 também na televisão. No blog, é possível também encontrar textos sobre NOITE DO TERROR, THE TOOLBOX MURDERS e outros filmes que não são do ciclo oficial de slashers, mas que já fazem parte de uma releitura para os novos tempos, como A MORTE TE DÁ PARABÉNS ou o brasileiro A NOITE AMARELA.

O curioso dessa coisa de considerar SHOCK o primeiro slasher nacional é que o diretor Jair Correia afirmou que nunca havia visto nenhum filme do subgênero e que quando viu odiou. Talvez ele tenha visto os precursores dos slashers, os gialli, os filmes de suspense italianos que também contam com assassinos misteriosos. No caso de SHOCK o assassino é tão misterioso que a única coisa que vemos dele são suas botas. Uma coisa que diferencia este dos exemplares convencionais está na ausência de sangue. Há quem atribua isso a uma espécie de protesto à ditadura. Afinal, tanto sangue de verdade já havia rolado nos porões dos torturadores.

O espírito dos anos 1980 está presente de forma explícita desde o início, quando vemos uma banda de rock tocando naquela casa com jovens animados. O som da banda não me pareceu tão bom, mas emulava um pouco o rock que se formava naquela década e que estava começando a explodir. Ao final do show, alguns membros da banda com suas namoradas resolvem passar a noite no local, assim como outros também. Não foi uma boa ideia, pois o assassino começou a matar alguns deles.

O curioso é que em muitos slashers americanos o assassino costuma dar preferência àqueles que gostam de sexo. Em SHOCK é um pouco diferente. Aqui temos a personagem de Mayara Magri, que é uma garota que tem problemas com o sexo, dificuldade em se sentir à vontade em transar com o namorado (Taumaturgo Ferreira), e ela é uma das primeiras vítimas do maníaco. O que é uma pena, pois ela é a personagem mais interessante. De atrizes famosas, SHOCK ainda conta com Cláudia Alencar e Aldine Müller.

Acredito que o filme tenha ficado mais charmoso hoje do que na época em que foi realizado. Com o distanciamento podemos perceber tanto as influências diretas dos slashers americanos quanto a brasilidade, o orçamento pequeno e o carisma de nossos atores e atrizes. Uma pena que é mais um exemplar de filme que só é possível acessar em uma cópia ruim, ripada de um VHS, com imagem escura e de resolução baixa. Bom, pelo menos é possível acessar este. Existem tantos filmes que nem assim é possível ver.

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