sábado, setembro 21, 2019

RAMBO - ATÉ O FIM (Rambo - Last Blood)

Sylvester Stallone perdeu a chance de fazer um baita filme de vingança com o novo RAMBO - ATÉ O FIM (2019), dirigido por Adrian Grunberg, de PLANO DE FUGA (2012). As motivações que ele tem depois que membros de um cartel mexicano sequestram sua filha adotiva são suficientes para esquecermos o quão estereotipados eles são mostrados. O resgate de um familiar sequestrado já é algo que estamos acostumados a ver nos filmes de ação estrelados por Liam Neeson. O diferencial aqui é colocar o lendário John Rambo no encalço dos bandidos.

E também há um diferencial na questão da vulnerabilidade. Stallone não é como Tom Cruise, por exemplo, que quer sempre sair bem na fita nos filmes de ação, com um ego gigante. Stallone parece não se importar, por exemplo, em aparecer levando uma surra de dezenas de homens e ficar no chão. Afinal, seu surgimento foi levando muita porrada no lindo ROCKY, UM LUTADOR.

John Rambo só quer ficar em paz, mas as pessoas não deixam. Isso, aliás, é basicamente o plot do pequeno clássico RAMBO - PROGRAMADO PARA MATAR (1982). Ele só queria curtir a sua solidão em paz. Em ATÉ O FIM ele aparece ainda mais pacífico, bem mais velho e morando com uma família formada por uma garota órfã de mãe e abandonada pelo pai biológico. Ele é o Tio John, mas é o mais próximo de um pai que a garota tem. Há também uma senhora mexicana que cuida da casa e funciona como uma espécie de mãe.

A garota, na ânsia de conhecer o pai biológico, vai parar no México, contra a vontade de John, e acaba sendo raptada e colocada em um grupo de mulheres forçadas a se prostituir. John Rambo vai até lá com o intuito de resgatá-la. E é com essa simplicidade de trama que se constrói RAMBO - ATÉ O FIM.

E dá-lhe cenas de violência gráfica explícita, que até há alguns anos poderia ser mais celebrada pelos fãs de filmes de ação e terror, mas que não parecem chocar a audiência dos dias de hoje. Mas o problema é mesmo a falta de uma melhor solução para a trama, que leva o personagem para o velho exército de um homem que não empolga e esfria o interesse pela vingança, esse elemento tão fácil de gerar a solidariedade do espectador. No mais, o filme poderia ter aproveitado melhor a personagem de Paz Vega, que parece saída de algum filme dos anos 70. Falta de sensibilidade e inteligência dos realizadores, nesse sentido? Talvez.

+ TRÊS FILMES

RAINHAS DO CRIME (The Kitchen)

Estreia na direção da roteirista Andrea Berloff. Não chega a ser um filme ruim, mas é meio problemático na incapacidade de trazer sentimentos de angústia e incômodo tanto pelas cenas violentas quanto pela mudança radical de vida das três mulheres, que passam a chefiar a máfia da Cozinha do Inferno depois que os três maridos são presos. O filme tem uma veia feminista forte e isso é um de seus méritos. Também gosto das três atrizes, mas sempre acho injusto quando surge uma Elisabeth Moss para humilhar as demais. Se bem que a Tiffany Haddish está ótima também. Podia ser algo melhor nas mãos de um bom diretor, talvez. Ano: 2019.

VELOZES & FURIOSOS - HOBBS & SHAW (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw)

No começo, este spin off da galinha dos ovos de ouro da Universal parece até ser bem bacana, com uma boa maneira de unir novamente os dois protagonistas que se odeiam para uma missão. Há um paralelismo bem interessante, assim como temos uma Vanessa Kirby pra lá de sensual e carismática. Mas depois o filme se estende por tempo demais e quando chega na parte de Samoa a gente quer que tudo termine. Outro problema desses filmes de ação sem muita novidade é que eles ficaram muito para trás depois do evento John Wick, pelo menos dentro do cinema ocidental contemporâneo. Também incomoda um pouco o modo como a franquia foi se distanciando da fisicalidade para ingressar em um pastiche de James Bond com toques de ficção científica no meio. E sem conseguir um resultado bacana com isso. Direção: David Leitch. Ano: 2019.

ATENTADO AO HOTEL TAJ MAHAL (Hotel Mumbai)

Interessante que aqui não temos a Índia colorida de O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD. A intenção é mesmo provocar um choque de contraste entre a extrema miséria das ruas de Mumbai e o luxo de cair o queixo do hotel onde se passa a história. É um thriller envolvente e eficiente feito por um diretor iniciante para longas. Os atores estão bem como heróis nascidos das circunstâncias; todo os cinco atores principais. E até os terroristas  saem um pouco do preto no branco na cena da ligação de um deles para o pai. No fim, todos são vítimas. Atenção para a bela iraniana Nazanin Boniadi. Já tinha visto a moça em HOMELAND, mas não sabia de onde a conhecia. Direção: Anthony Maras. Ano: 2018.

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