quinta-feira, outubro 29, 2015

COM 007 SÓ SE VIVE DUAS VEZES (You Only Live Twice)



Apesar de ter o box contendo todos os filmes da franquia 007, não me considero um fã de James Bond. Vi alguns estrelados por Sean Connery e Roger Moore na televisão há muito tempo e comecei a acompanhar a fase de Pierce Brosnan no cinema, mas sempre achei aquilo tudo muito chato. Só passei a gostar do ator quando ele deixou de ser James Bond, inclusive. Mas tudo mudou com 007 – CASSINO ROYALE (2006), de Martin Campbell, o primeiro de uma fase gloriosa estrelada por Daniel Craig. Além de uma trama mais sofisticada, há uma dimensão trágica e mais forte em torno do personagem, o que muito tem me agradado.

Na expectativa de 007 CONTRA SPECTRE, a estrear no início de novembro, resolvi pegar um que envolvesse não só a organização Spectre, que aparece em vários filmes da "fase clássica" do personagem, mas como também com ênfase no vilão Blofeld, que supostamente pode estar no novo filme e que em COM 007 SÓ SE VIVE DUAS VEZES (1967) aparece tão afetado que só pode mesmo ter pedido para virar paródia, o que ocorreu anos depois nos filmes da trilogia Austin Powers.

Com sua pegada mais caricatural, o diretor Lewis Gilbert seria chamado para dirigir mais dois filmes estrelados por Roger Moore, 007 – O ESPIÃO QUE ME AMAVA (1977) e 007 CONTRA O FOGUETE DA MORTE (1979), filmes de uma fase que brincava cada vez mais com os brinquedinhos de Bond, que se tornariam muito mais discretos na fase Daniel Craig.

Algo que incomoda em COM 007 SÓ SE VIVE DUAS VEZES é o quanto os efeitos especiais ficaram datados. Parecem de filmes B da década de 1950. E pensar que só um ano depois Stanley Kubrick traria o perfeito 2001 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO... Além do mais, fiquei sabendo que só os gastos com o set do vulcão foram maiores do que todo o orçamento de 007 CONTRA O SATÂNICO DR. NO (1962). Isso que eu chamo de dinheiro mal empregado.

Quanto ao fato de boa parte da ação se passar no Japão, não deixa de ter o seu charme, mas tudo parece forçado e artificial. Parece que na época havia uma moda envolvendo filmes com ninjas e eis o motivo de fazer um 007 com esses guerreiros secretos e silenciosos made in Japan. Há duas Bond girls japonesas também no filme. Duas belas moças, aliás. A ruiva bonita só serve mesmo para beijar o agente sem ter muito motivo para isso, soltá-lo, deixá-lo escapar no avião e depois virar comida de piranha.

O cartaz do filme mostra Bond pilotando um mini-avião cheio de budgets, como lança-chamas e outras armas para enfrentar os aviões inimigos, representando a cena de ação mais interessante. Naquela época, ainda estava rolando a Guerra Fria (na verdade, demoraria ainda um bocado para acabar) e a trama brinca com as possibilidades de os Estados Unidos ou a União Soviética darem início a uma terceira guerra mundial. Isso por causa das maquinações do vilão, Blofeld, aqui vivido por Donald Pleasance.

Lendo a trivia do IMDB sobre o filme, que traz curiosidades mais interessantes do que a própria produção, fiquei sabendo que os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman, o diretor Lewis Gilbert e boa parte dos principais técnicos do filme escaparam da morte ao terem perdido um voo que partiria de Tóquio para Hong Kong. O tal voo caiu no Monte Fiji, matando todos a bordo. Que sorte deles. E que triste para quem estava no avião.

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