quarta-feira, fevereiro 20, 2013
JOÃO E MARIA – CAÇADORES DE BRUXAS (Hansel & Gretel – Witch Hunters)
Sejamos sinceros: está um saco essa onda de filmes de fantasia que aproveitam os contos de fadas clássicos para transformar em filme de ação para chamar a atenção do público jovem. E o problema é que isso vende, como foi o caso de BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR, que é até um filme decente, pra falar a verdade. Mas é só ver que ainda vem por aí JACK – O CAÇADOR DE GIGANTES, dirigido por Bryan Singer, e OZ – MÁGICO E PODEROSO, de Sam Raimi, que nem é um conto de fadas clássico, mas o filme de 1939 hoje é clássico. E por mais que esses dois cineastas tenham pedigree, fico desanimado ao vê-los aceitando esse tipo de projeto. Raimi, por exemplo, deveria voltar a fazer o que sabe fazer melhor: filmes de horror. Infelizmente foi engolido pela indústria.
Há quem diga: mas ninguém é obrigado a assistir. Sim, é verdade. Mas quem gosta de cinema, especialmente quem gosta de ir ao cinema, sente curiosidade em ver quase qualquer coisa que esteja passando. Inventa-se um motivo, pelo menos. No caso de JOÃO E MARIA – CAÇADORES DE BRUXAS (2013), fiquei curioso em conhecer esse jovem diretor norueguês, Tommy Wirkola, que começou a carreira fazendo uma paródia de KILL BILL, chamada lá KILL BULJO (2007). Mas ele era mais famoso pela comédia de horror ZUMBIS NA NEVE (2009), que deve ter sido seu cartão de visitas para que Hollywood o achasse ideal para dirigir este "João e Maria com armas".
E o curioso é que, apesar de o filme se passar na Idade Média (embora não situe especificamente isso), há até armas parecidas com as modernas metralhadoras. Mas, enfim, esse tipo de "licença poética" é o de menos. O pior pecado do filme é dar sono nas cenas de ação. Assim, nas cenas mais paradas, até que o filme é assistível e, com um pouco de boa vontade, dá para ver algumas qualidades, levando em conta se tratar de um filme puramente de entretenimento, sem quaisquer ambições artísticas.
O prólogo, contado rapidinho, embora não seja tão bom, é uma das melhores coisas: os dois irmãos sendo deixados próximos à casa de uma bruxa, uma casa feita de doces. A tal primeira bruxa também é interessante: faz um barulho estranho. Tem uma maquiagem que parece fantasia de Halloween, mas pelo menos tem esse detalhe interessante. E logo depois, quando os garotos conseguem escapar da bruxa, os créditos de abertura, com desenhos que parecem desenhos antigos, da Idade Média, também contam como ponto positivo.
Infelizmente depois o filme vai ficando cada vez mais desinteressante. Jeremy Renner deveria escolher melhor seus trabalhos, agora que está famoso. Quanto à bela Gemma Arterton, ela funciona bem nas cenas de ação, mas acaba sendo eclipsada em certo momento por uma coadjuvante, a finlandesa Pihla Viitala, que aparece nua em determinado momento do filme. Quanto a Famke Janssen, que já teve seus momentos de glória no cinemão, fazendo o papel de Jean Grey na trilogia X-MEN, ficou com um papel ridículo de bruxa-mor, na maior parte das vezes escondida sob a maquiagem que lhe deram. E, como o filme fez sucesso de bilheteria, e deixou no ar uma cara de quem quer ser franquia, é possível que venha continuação por aí. Com Jeremy Renner com a agenda cheia, esperemos que não.
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