sábado, dezembro 31, 2011

TOP 20 2011 E O BALANÇO DO ANO

1. A PELE QUE HABITO, de Pedro Almodóvar
2. ALÉM DA VIDA, de Clint Eastwood
3. UM LUGAR QUALQUER, de Sofia Coppola
4. A ÁRVORE DA VIDA, de Terrence Malick

5. MEIA NOITE EM PARIS, de Woody Allen
6. CÓPIA FIEL, de Abbas Kiarostami
7. O VENCEDOR, de David O. Russell
8. AS CANÇÕES, de Eduardo Coutinho

9. SOBRENATURAL, de James Wan
10. MISSÃO MADRINHA DE CASAMENTO, de Paul Feig
11. GIGANTES DE AÇO, de Shawn Levy
12. MELANCOLIA, de Lars Von Trier

13. TUDO PELO PODER, de George Clooney
14. O GAROTO DE LIVERPOOL, de Sam Taylor-Wood
15. O PODER E A LEI, de Brad Furman
16. INCÊNDIOS, de Denis Villeneuve

17. PASSE LIVRE, de Peter e Bobby Farrelly
18. LIXO EXTRAORDINÁRIO, de Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim
19. CISNE NEGRO, de Darren Aronofski
20. SENTIMENTO DE CULPA, de Nicole Holofcener

Menções honrosas (ou filmes que quase entraram na lista): DESCONHECIDO, de Jaume Collet- Serra; TURNÊ, de Mathieu Amalric; NAMORADOS PARA SEMPRE, de Derek Cianfrance; AMOR A TODA PROVA, de Glenn Ficarra e John Requa; NÃO ME ABANDONE JAMAIS, de Mark Romanek; ATIVIDADE PARANORMAL 3, de Henry Joost e Ariel Schuman; e ANTES QUE O MUNDO ACABE, de Ana Luiza Azevedo.

Alguns filmes foram tão badalados que eu imagino que tomariam o lugar de alguns da lista acima se eu tivesse os visto. Mas como Fortaleza fica um pouco distante dos grandes centros, alguns desses títulos sequer chegam aos cinemas. Por isso, não estranhem se virem algum deles na lista de melhores de 2012. São eles: SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA (que vi em casa, por isso está lá na lista dos vistos na telinha, abaixo); TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS; INQUIETOS; O GAROTO DA BICICLETA; ISTO NÃO É UM FILME; ADEUS, PRIMEIRO AMOR; RISCADO; O MÁGICO; O INFERNO DE HENRI GEORGE-CLOUZOT; O CÉU SOBRE OS OMBROS.

Agora algumas palavrinhas sobre 2011. Pessoalmente, foi um ano excepcional. Tive coragem enfim de sair de uma empresa onde trabalhei por vinte anos para me dedicar a um mestrado acadêmico e arriscar uma nova vida. Estou adorando esse momento. Não que eu não gostasse da empresa, mas já fazia alguns anos que eu tentava diversas cartadas. Até que dessa vez deu certo. O mestrado está uma delícia e espero que continue assim até mesmo nos momentos mais difíceis, que são a dedicação maior à dissertação e a defesa final. Mas eu chego lá! E só por isso o ano já foi bastante especial pra mim. O que veio a mais foi lucro. Ainda estão faltando áreas da minha vida a preencher, mas isso está nos planos para 2012, que, como comentou Carlão Reichenbach, somando os números dá 5, número da invenção! Coisas boas e excitantes nos esperam.

Voltando aos filmes, 2011 foi especialmente ruim para o cinema brasileiro. Poucos filmes dignos de nota, embora alguns filmes mal vistos eu defenda numa boa, enquanto que outros muito elogiados, eu não tenha gostado. O ano também se destacou por ter bilheterias altas em coisas óbvias, como continuações de franquias e filmes sobre personagens já conhecidos. Houve também o problema do excesso de cópias dubladas nas salas, o que parece, infelizmente, que é uma tendência. E isso pode expulsar quem realmente gosta de cinema dos cinemas.

No meu top 20, uma meia dúzia de filmes são de cineastas consagrados. Pedro Almodóvar nos presenteia com sua melhor obra desde FALE COM ELA (2002). A PELE QUE HABITO é mais uma discussão sobre a questão da identidade e da sexualidade, mas num registro diferente, o horror, homenageando obras como OS OLHOS SEM ROSTO, de Georges Franju, e UM CORPO QUE CAI, de Alfred Hitchcock.

Dois cineastas americanos, Clint Eastwood e Woody Allen, estão cada vez mais queridos de seu público, ainda que estejam trilhando caminhos bem distintos. Eastwood, em ALÉM DA VIDA, trilha um caminho mais sombrio, falando sobre a morte – ou sobre a vida depois da morte ou mesmo depois de uma experiência de quase morte. Enquanto isso, Allen, que já passou por momentos sombrios na década de 1990, agora respira novos ares na Europa. E é daí que sai uma beleza como MEIA NOITE EM PARIS.

Outros dois cineastas americanos, embora sejam também distintos, têm algo em comum: o fato de deixarem um pouco o roteiro de lado e se concentrarem nas imagens, no sentimento que elas podem provocar no espectador. São assim A ÁRVORE DA VIDA, de Terrence Malick, e UM LUGAR QUALQUER, de Sofia Coppola. São os melhores trabalhos de ambos e a experiência de vê-los no cinema não tem preço.

No mais, Abbas Kiarostami, com CÓPIA FIEL, dessa vez fora de seu país de origem, o Irã, nos convida a refletir sobre o original e a cópia, sobre o ato de representar e o verdadeiro sentimento. Já Eduardo Coutinho, escolhe um caminho seguro com AS CANÇÕES, mas tão belo e emocionante que, sentimental que sou, não resisti. Enquanto isso, o polêmico Lars Von Trier, baixa um pouco o tom violento de seu longa anterior, mas permanece fiel ao tema: a depressão. E nada como uma obra bastante pessoal para que a máscara caia, as lágrimas jorrem e o cinema ganhe com isso.

Entre os indicados ao Oscar 2011, destaco principalmente O VENCEDOR, um drama lacrimoso e belo sobre lutas, família e amor. LIXO EXTRAORDINÁRIO, o documentário indicado que conta com a participação do brasileiro João Jardim, é outro filme que comove os espíritos mais sensíveis. E CISNE NEGRO é uma obra bem ousada, um filme de horror travestido de drama sobre balé. Perturbador à sua maneira.

Mas o melhor filme de horror do ano é SOBRENATURAL, de James Wan. É o tipo de filme que há tempos não se via no cinema, capaz de arrepiar de verdade. Falando em assustar, um drama intenso sobre dois irmãos e uma mãe morta foi capaz de me deixar com a maior taquicardia que eu já senti num cinema. Trata-se do canadense INCÊNDIOS, de Denis Villeneuve.

Saindo do horror para as comédias, o ano teve boas surpresas. Aliás, uma grande supresa, já que a melhor comédia do ano foi uma comédia feminina! MISSÃO MADRINHA DE CASAMENTO provou para mim, preconceituoso que era, que mulher também pode fazer grandes comédias. É filme para se gargalhar do início ao fim. E ainda ter personagens consistentes. Os irmãos Farrelly também batem ponto mais uma vez na minha lista, com um de seus melhores trabalhos, PASSE LIVRE. Eles já são cadeira cativa aqui. Quase todo ano tem filme deles no meu top 20. SENTIMENTO DE CULPA não se enquadraria numa comédia, seria mais uma dramédia, dado o tom levemente dramático, dentro de uma história que lida com hipocrisia e traição.

A maior surpresa do ano pra mim talvez tenha sido GIGANTES DE AÇO, um filme bem na linha dos estúdios Disney, mas que por emular tanto ROCKY, O LUTADOR, e fazer isso de maneira tão bonita e respeitosa, fez com que a sua sessão fosse uma das mais catárticas pra mim. O PODER E A LEI é também outra surpresa, um filme "menor" que nos conquista do começo ao fim, com seu misto de drama com thriller.

Ficou faltando eu falar do thriller politizado TUDO PELO PODER, de George Clooney, que eu considero o filme que dá início a uma das melhores safras de filmes indicados ao Oscar. Espero muito estar certo. E também ficou faltando falar um pouco do emocionante O GAROTO DE LIVERPOOL, que trata da adolescência de John Lennon. Não se trata apenas de um título a engrossar a lista de filmes sobre os Beatles, mas um drama dos mais comoventes sobre a ausência e a perda da mãe. Experimente ver o filme e ouvir "Mother" depois.

Os piores

Falei demais sobre os melhores, falarei pouco sobre os piores. Como a cada ano tento ser mais criterioso, coisas como PIRATAS DO CARIBE 4 e TRANSFORMERS 3, eu passo longe. Mas não tem como a gente se livrar de certas coisas insurportáveis, chatas ou vergonhosas. Abaixo, sem o nome dos autores, para não envergonhá-los.

1. SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL
2. A ALEGRIA
3. RIO
4. O FILME DOS ESPÍRITOS
5. ATIVIDADE PARANORMAL EM TÓQUIO

As séries

2011 foi um ano sensacional para séries novas. A gente até se esquece das boas séries que se foram, ao entrar em contato com produções caprichadas como GAME OF THRONES, HOMELAND, THE KILLING e THE WALKING DEAD, que na verdade está na segunda temporada, mas pra mim é como se estivesse começando agora, muito melhor e mais intensa. CURB YOUR ENTHUSIASM (SEGURA A ONDA) retornou sem perder o gás; TRUE BLOOD deu uma melhorada, até porque não tinha como piorar; ENTOURAGE se despediu deixando saudades, mas com pouquinhos episódios; DEXTER teve a sua pior temporada, mas ainda tem algum fôlego para mais uma e a estreante AMERICAN HORROR STORY é um caso à parte, mas ainda assim eu a colocaria como um dos maiores destaques do ano. Quanto às minisséries, vi muito poucas, mas acho difícil encontrar uma melhor que MILDRED PIERCE.

Top 5 "Musas do Ano"

1. Bryce Dallas Howard (ALÉM DA VIDA)

2. Juliette Binoche (CÓPIA FIEL)


3. Amy Adams (O VENCEDOR)


4. Jennifer Lawrence (INVERNO DA ALMA)


5. Lucy Gordon (GAINSBOURG - O HOMEM QUE AMAVA AS MULHERES)
Ficou faltando uma brasileira na lista, mas não tem problema. Infelizmente a lista fica meio mórbida, já que uma das atrizes (a inglesa Lucy Gordon) cometeu suicídio logo após as filmagens. E ela estava tão bem, tão bonita com seus microvestidos. A nossa querida Juliette Binoche é um caso excepcional. Mesmo com o peso da idade se aproximando, ela continua maravilhosa. Entre as mais novinhas, Bryce Dallas Howard rouba as cenas em ALÉM DA VIDA, Amy Adams é o tipo de garota do bairro que dá vontade de namorar e casar em O VENCEDOR, e Jennifer Lawrence deu um show de beleza e intensidade na interpretação de seu primeiro filme de destaque. Mais virão. Inclusive, ela esteve também no elenco de X-MEN – PRIMEIRA CLASSE, a melhor adaptação de quadrinhos do ano.

Melhores vistos em DVD, DIVX ou VHS

É certo que esta lista é sempre melhor do que a lá de cima, mas isso porque entram também clássicos e filmes de diversas épocas. Em ordem alfabética, os vinte melhores vistos na televisão.

7 HOMENS SEM DESTINO, de Budd Boetticher
A ERVA DO RATO, de Júlio Bressane
A HORA DA ESTRELA, de Suzana Amaral
A SALVO, de Todd Haynes
ALEXANDRIA, de Alejandro Amenábar
ALMA SEM PUDOR, de Nicholas Ray
COMO ERA GOSTOSO O MEU FRANCÊS, de Nelson Pereira dos Santos
DZI CROQUETTES, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
ESSENTIAL KILLING, de Jerzy Skolimowski
GEORGE HARRISON – LIVING IN THE MATERIAL WORLD, de Martin Scorsese
LEMMING – INSTINTO ANIMAL, de Dominik Moll
O AMIGO AMERICANO, de Wim Wenders
O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS, de Pier Paolo Pasolini
O GUERREIRO SILENCIOSO, de Nicolas Winding Refn
O HOMEM QUE VIROU SUCO, de João Batista de Andrade
OS SONHOS ERÓTICOS DE UMA MULHER INSACIÁVEL, de Sergio Martino
ROCKY, UM LUTADOR, de John G. Avildsen
S. BERNARDO, de Leon Hirszman
SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA, de Manoel de Oliveira
TRÁGICA OBSESSÃO, de Brian De Palma

Revisões

E cada ano aumenta a lista de filmes revistos. No ano passado foram 18, este ano, 22. A grande maioria dos revistos cresceram na revisão. Apenas dois deles caíram um pouco em meu conceito.

A FLOR DO MEU SEGREDO, de Pedro Almodóvar
A RODA DA FORTUNA, de Vincente Minnelli
A VIDA DE BRIAN, de Terry Jones
BLOW-UP – DEPOIS DAQUELE BEIJO, de Michelangelo Antonioni
CHUVAS DE VERÃO, de Cacá Diegues
CLEÓPATRA, de Joseph L. Mankiewicz
CRASH – ESTRANHOS PRAZERES, de David Cronenberg
CRIMES DE PAIXÃO, de Ken Russell
EROS – O DEUS DO AMOR, de Walter Hugo Khouri
ESTRANHO ENCONTRO, de Walter Hugo Khouri
EXISTENZ, de David Cronenberg
GÊMEOS – MÓRBIDA SEMELHANÇA, de David Cronenberg
HIROSHIMA, MEU AMOR, de Alain Resnais
KUARUP, de Ruy Guerra
MISTÉRIOS E PAIXÕES, de David Cronenberg
NÓ NA GARGANTA, de Neil Jordan
NO SILÊNCIO DA NOITE, de Nicholas Ray
O HOMEM QUE SABIA DEMAIS, de Alfred Hitchcock
O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, de William Wyler
O PRIMEIRO ANO DO RESTO DE NOSSAS VIDAS, de Joel Schumacher
ROBOCOP – O POLICIAL DO FUTURO, de Paul Verhoeven
UM CORPO QUE CAI, de Alfred Hitchcock

Feliz ano novo!

E encerro este post de final de ano desejando um excelente 2012 para todos aqueles que visitaram este espaço, sejam os que o conhecem desde o começo, sejam os novos leitores. Peço perdão se alguns escritos foram feitos às pressas ou sem inspiração, mas isso acontece. Que as musas estejam do meu lado mais vezes em 2012. Desejo um ano novo cheio de realizações, amores intensos e correspondidos, dinheiro no bolso e nas contas, saúde, paz, muitos momentos de alegria e a companhia generosa dos amigos. Amém?

P.S.: Chico Fireman também publicou em seu blog uma listinha de melhores do ano a partir de votos de uma turma de 30 blogueiros cinéfilos do twitter. Deem uma olhada no resultado!

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