quinta-feira, novembro 10, 2011

O CRIME NÃO COMPENSA (Knock on Any Door)



Depois de ter manchado um pouco o currículo com o fraco A VIDA ÍNTIMA DE UMA MULHER (1949), um trabalho feito sem muito prazer pelo próprio diretor, Nicholas Ray retoma suas preferências e temáticas em O CRIME NÃO COMPENSA (1949), que mesmo passando longe de ser tão brilhante quanto seu filme de estreia, AMARGA ESPERANÇA (1948), traz a marca do diretor e ainda conta com a presença sempre bem vinda de Humphrey Bogart. O ator é o primeiro nome a aparecer nos créditos, mas o filme é protagonizado por um jovem rebelde ao gosto de Ray, vivido pelo quase desconhecido John Derek.

Derek está longe de ser um James Dean ou mesmo um Farley Granger e muitas das falhas do filme se devem à sua interpretação afetada. Ele é Nick Romano, um rapaz que é o principal acusado da morte de um policial. Bogart interpreta o advogado que vai defendê-lo, acreditando em sua inocência. Há também a figura da garota angelical, mas com uma família disfuncional, a jovem Emma, uma moça que vive com uma tia com sérios problemas de alcoolismo e que encontra na figura de Nick uma salvação, mesmo sabendo que o garoto não é exatamente um exemplo de conduta.

O filme traz um discurso sobre a responsabilidade da sociedade sobre as pessoas que se desviam e cometem crimes. Fica a impressão de que este é o pensamento de Ray em relação aos seus tão queridos personagens marginais. E na voz de Bogart, no final do filme, esse pensamento ganha força, por mais simplista que possa parecer. É simplista principalmente pelo modo excessivamente didático como o filme mostra as várias cenas em que a sociedade contribui para a criação de um pequeno monstro. (Ou não seria o próprio Nick o culpado pelos seus próprios atos?) Mesmo assim, estou começando a tomar gosto pelos filmes do diretor. E sei que o melhor está por vir.

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