
Tenho filmes mais importantes para comentar aqui no blog, mas hoje faz exatamente dois meses que eu vi HERENCIA (2001), de Paula Hernández, em São Paulo. Aliás, esse é o último filme visto em Sampa sobre o qual faltava eu escrever aqui. A boa lembrança que eu guardo do filme é mais extra-sessão, já que estava no meu quinto dia na capital nacional da economia e assisti o filme na companhia do amigo Michel numa das luxuosas salas do Reserva Cultural. E depois, ainda saímos com a Fer pra jantar. Foi o dia em que eu a conheci pessoalmente depois de mais de cinco anos de convivência virtual.
Quanto ao filme, trata-se de uma produção argentina muito simpática que demorou cinco anos para chegar ao Brasil. É o tipo do filme que faz a gente sair do cinema mais leve e feliz, embora não seja assim tão memorável. O personagem que desperta uma identificação maior com o público é o do alemão Peter (Adrián Witzke), que chega a Buenos Aires em busca de uma moça por quem estava apaixonado e que não via há mais de um ano. O rapaz, desorientado, vai parar num restaurante italiano chefiado por Olinda (Rita Cortese), uma senhora italiana que chegou na Argentina depois da Segunda Guerra Mundial. As circunstâncias que a trouxeram para a Argentina foram semelhantes às de Peter. Depois de ser recebido com um prato na cabeça por Olinda, ele ganha uma refeição grátis e acaba retornando mais tarde ao restaurante por não ter onde ficar, já que todo o seu dinheiro foi roubado no hotel barato onde ele estava instalado.
Interessante como é mais fácil pra gente uma identificação com um estrangeiro num filme. Lembrei de CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS, cujo personagem de maior identificação com o público é justamente um alemão. E olha que o filme se passa no Nordeste do Brasil. Vai ver todos nós somos estrangeiros, mesmo no nosso país. E em qualquer lugar onde a gente vá, deve haver pessoas legais como João Miguel, no filme brasileiro, ou Dona Olívia, no argentino. E, com certeza, alguma moça bonita como Luz (Julieta Díaz) pra dar sentido a tudo.