terça-feira, agosto 16, 2005

ROBERT ALDRICH EM DOIS FILMES



Mais dois filmes vistos de Robert Aldrich, cineasta que, assim como Howard Hawks, só foi me deixar interessado pelo seu trabalho recentemente, graças, principalmente, ao noir A MORTE NUM BEIJO (1955). Infelizmente não vi nenhum outro filme dele que se compare a essa obra-prima fantástica, mas quem sabe eu tenho a sorte de ver outras pérolas em seus trinta filmes. Dessa vez, eu não tive tanta sorte: peguei um filme chato pra cacete do gênero "sandálias e saiote" e um bom policial.

SODOMA E GOMORRA (Sodom and Gomorrah / The Last Days of Sodom and Gomorrah / Sodome et Gomorrhe)

Seria interessante se Aldrich fizesse um filme mais ousado, colocando, inclusive, cenas da passagem bíblica que mostra as duas filhas de Ló dando bebida pro velho para transarem com ele a fim de conservar a descendência do pai (Gênesis 19). Mas como a intenção era fazer um filme bíblico à moda antiga, misturado com a tradição italiana de filmes de cidades destruidas, e não um exploitation, o resultado foi um filme longo e chato. Quando o que mais interessa é a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra - sempre se referem como sendo duas cidades, mas aparenta ser uma só -, temos que agüentar mais de duas horas de uma briga inventada pelos roteiristas entre os judeus liderados por Ló e os malvados sodomitas. O filme também não dá muita razão para que as cidades sejam destruídas. Achei o grau de maldade até razoável e o filme nem falava das tais "abominações sexuais". Quando Aldrich falou sobre SODOMA E GOMORRA (1962) no livro "Afinal, Quem Faz os Filmes", ele disse que todo diretor deveria experimentar fazer um filme bíblico. Talvez pra sentir as dificuldades que ele teve na produção do filme. Sergio Leone foi também diretor (não creditado) do filme. Ele deve ter ajudado Aldrich a entrar no clima das produções italianas. A presença da bela Anouk Aimée (de A DOCE VIDA, de Fellini) como a rainha de Sodoma ajuda a compor um clima europeu à obra. Visto em DVD da ClassicLine.

CRIME E PAIXÃO (Hustle)

Outra francesinha que enriquece um outro filme de Aldrich é Catherine Deneuve, que faz par, aqui, com o durão Burt Reynolds. A ligação amorosa entre os dois é das mais interessantes. Em CRIME E PAIXÃO (1975), Reynolds é um policial divorciado da mulher que mantém um relacionamento com uma prostituta. Ele a ama, mas há uma indecisão em assumir compromisso com ela. Em parte por causa de seu casamento fracassado, em parte por causa de um certo preconceito com a profissão dela, além dos acessos de ciúme. A trama policial do filme gira em torno do corpo de uma jovem que é encontrado numa praia. A investigação leva os policiais ao submundo dos filmes pornográficos. O começo do filme promete - até as cenas de investigação dos policiais têm ecos de A MORTE NUM BEIJO - mas o final, apesar de bonito e trágico, decepciona um pouco. Gravado da BAND.

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