sexta-feira, agosto 19, 2005

A ILHA (The Island)



E ontem, como os jornais noticiavam o fechamento do Cine São Luiz, lá fui eu fazer o sacrifício de ver um filme de Michael Bay no belo palácio. O clima ontem na Praça do Ferreira era de lamentação e de saudade antecipada. "Como pode, fecharem um cinema desses?", era o que muita gente dizia. Alguns traziam máquinas fotográficas para registrar o momento, repórteres de jornais entrevistavam pessoas na praça. Às oito da noite, mais ou menos a hora que eu saí da sessão de A ILHA (2005), tinha mais gente na praça do que o habitual. Dentro do cinema, quando eu me sentei pra ver o filme, dois senhores idosos conversavam sobre os filmes que viam na juventude. Um deles citou TARZAN E O TERROR DO DESERTO como o melhor filme de Tarzan que ele vira. Acho que esses filmes de Tarzan não devem ter resistido ao tempo. Quando saí do cinema, lá estava o Danilo, conversando com um senhor que tinha estado no dia da inauguração do cine, em 1958. Dos amigos, vi também a Erika e o Marlon; depois chegaram a Valéria, o Igor e o Israel.

Hoje, por volta das três da manhã, acordei e entrei na internet para olhar a programação dos cinemas, ver as estréias, quando vejo que 2 FILHOS DE FRANCISCO também está passando no Cine São Luiz. Depois, leio a notícia de que a sala foi salva na noite de ontem, graças a um acordo entre Fecomercio e o Grupo Severiano Ribeiro. Pode ser que agora, sob nova administração, eles dêem um jeito na aparelhagem de som e no ar condicionado. A idéia do Fecomércio é transformar o lugar no Centro Cultural SESC/Luiz Severiano Ribeiro. Torço para que coisas legais sejam feitas e que o Cine São Luiz seja de fato resgatado. Não basta ser um lugar bonito se não é bem tratado, se é quente feito o inferno e o som deixa a gente com dor de cabeça. O lugar, junto com a Praça do Ferreira, é um dos símbolos de Fortaleza e merece respeito.

Antes que eu me esqueça, falemos um pouco sobre A ILHA, o melhor filme de Michael Bay até agora, não que isso seja grande coisa. Teve muita gente que elogiou o novo filme. Teve crítico que até culpou o produtor Jerry Bruckheimer pelos horrorosos trabalhos anteriores de Bay, numa tentativa de defendê-lo.

A melhor coisa do filme é mesmo Scarlett Johansson, que nunca esteve tão bonita. Quase se sente a maciez da pele dela. A moça está no auge. Vai estar nos novos trabalhos de dois dos meus cineastas preferidos: MATCH POINT, de Woody Allen, e THE BLACK DAHLIA, de Brian De Palma. Geralmente trabalha com diretores de renome ou em filmes independentes. A ILHA é uma exceção. É sua primeira incursão num blockbuster descerebrado.

A trama de A ILHA é um misto de COMA, THX 1138, MATRIX, ADMIRÁVEL MUNDO NOVO e 1984. O filme é sobre duas pessoas (Ewan McGregor e Scarlett) que descobrem que o mundo onde eles vivem é uma mentira e que eles não passam de clones. É até uma estória inteligente. Mas logo lembram a gente que é um filme de Michael Bay quando começam as perseguições, as explosões, a barulheira, a edição de videoclipe, os personagens rasos. Não tem jeito, por mais que melhore, o homem ainda continua representando o que há de pior no cinema americano atual.

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