quinta-feira, julho 18, 2024

VIAGEM A SAMPA 2024



Minha história com São Paulo é de muito amor. É minha cidade favorita. Só não digo que prefiro ela a Fortaleza porque nunca morei em São Paulo e sei o quanto pode ser dura de se trabalhar. É bem diferente ir a passeio. E só não digo que gosto mais do que de Nova York pois minha passagem pela cidade enaltecida por Frank Sinatra foi relâmpago. De todo modo, citando essas duas cidades, já se percebe minha predileção por espaços urbanos cheios de cultura por todos os lados. Mas a verdade é que também aprendi a amar praias, lugares para acalmar o espírito, ainda mais recentemente, com o retorno de Giselle a minha vida.

E por isso esta nova viagem a São Paulo foi tão especial, já que foi na companhia dela, que dizia que não gostava de frio e que até suspeitava de que não fosse gostar muito. Felizmente, ela adorou todos os dias que passamos lá. E eu também, claro. Foi a mais diferente de minhas idas à terra da garoa pois desta vez tive mais chance de conhecer mais espaços, já que das outras os meus focos eram basicamente o cinema e os encontros com os amigos (cinéfilos).

Desta vez, acabei não encontrando vários amigos queridos que encontrei em outras ocasiões. Senti falta de ver o Marcelo, a Ana, a Laura, o Leandro, o Gabriel, o Tiago, a Alê, o Alysson, a Márcia, a Bia, o Primati, o Gustavo, o Edu. Também queria muito encontrar o Renato, mas a distância da cidade dele complicou um pouco. Com alguns, ainda consegui organizar encontros. E houve encontros-surpresa também. Mas isso porque era importante que eu e a Giselle aproveitássemos mais nosso tempo juntos.

Quinta-feira, 11 de julho

Saímos para o aeroporto pela manhã para um voo que sairia próximo do meio-dia. Acho que foi o voo mais conveniente que encontramos, de modo que curtíssemos um pouco o dia e não precisássemos madrugar. Havia combinado com o Michel e a Cris um jantar naquele dia. Vê-los é de uma alegria tão grande pra mim que acho que eles não têm ideia. Fomos a um restaurante tailandês (ou meio tailandês) chamado Mestiço, próximo ao hotel onde nos hospedamos, o Ibis da Rua da Consolação. Gosto da localização desse hotel, além do preço mais camarada. E estar ali pertinho da Av. Paulista é uma delícia. Pena que o quarto é muito pequeninho. Mas tranquilo: a gente acaba se acostumando.

Por causa do horário inconveniente do voo (hora do almoço, e praticamente sem serviço de bordo, praxe atualmente) chegamos famintos e andamos alguns quarteirões da Rua da Consolação em busca de um lugar para comer, pouco antes do jantar, que já estava próximo. Mas deu tempo de tomarmos banho, trocarmos a roupa e irmos a pé ao restaurante, ali pertinho do hotel. E foi legal que o Chico pôde ir também.

A Cris, pessoa extraordinária que é, ainda sugeriu irmos comer uma sobremesa noutro lugar, o que logo me animou. Adoro esses passeios gastronômicos por São Paulo. O lugar aonde fomos, chamado Le Blé, no bairro de Higienópolis, é tão bonito, que achei mágico entrarmos ali, como se entrar naquele espaço fosse como atravessar uma passagem secreta para outro mundo, até pelo jazz que remetia à primeira metade do século XX. Sem falar na decoração e nas luzes. Lá, eu e a Giselle ainda pudemos comprar online nossas passagens para Aparecida, a viagem que faríamos no dia seguinte.



Sexta-feira, 12 de julho

Acordamos cedinho. E acordar cedinho em São Paulo, especialmente durante o inverno, não é fácil. Ficar na cama até mais tarde é uma tentação. Mas tínhamos passagem comprada e iríamos para a missa do meio-dia. Pra mim foi tudo muito novo e para a Giselle foi uma alegria atravessar todo aquele percurso para chegar a um destino que ela sonhava conhecer, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, o maior templo religioso do Brasil e o segundo maior do mundo (menor apenas que a Basílica do Vaticano, segundo o Wikipédia).

Nos últimos meses, eu tenho ido de vez em quando à missa com a Giselle e, apesar de minhas raízes evangélicas, tenho gostado da experiência, inclusive por encontrar tanto beleza quanto mistério. Quem leu meu texto sobre nossa ida ao Instituto Hesed, na postagem sobre PADRE PIO, do Ferrara, certamente pode ter um pouco a noção da experiência mágica por que passei naquele dia.

Para chegar ao santuário, pegamos metrôs de diferentes linhas, chegamos ao terminal do Tietê para pegar o ônibus, viajamos duas horas e meia, e pegamos um táxi para nos deixar até lá em frente. Uma verdadeira peregrinação. Eu me emocionava com a emoção da Giselle. Esse momento foi muito especial pra gente e acredito que definidor de nosso destino juntos, fortalecedor de nosso amor.

Ao chegarmos ao santuário fiquei impressionado com o aspecto gigantesco daquele espaço. O tempo das missas é mais curto, praticamente sem uma homilia (que é o que eu mais gosto), mas foi o suficiente para nos deixar felizes de estarmos naquele lugar cheio de pessoas de fé. O espaço comercial de lá é também imenso, com direito a uma praça de alimentação muito ampla e vários estabelecimentos que vendem produtos relacionados principalmente à imagem de Nossa Senhora Aparecida. Depois do almoço, retornamos ao santuário para ver a imagem original em madeira, que fica num lugar especial e luminoso da igreja, sempre com filas de pessoas passando para ver e fazer suas orações.

Para a noite, o destino ainda nos reservou um encontro inesperado com amigos de Fortaleza em São Paulo. Murilo passa uma mensagem perguntando “você está aqui?”. Logo, deu a entender que ele estava em São Paulo também, com sua noiva. E que bom que conseguimos agendar esse encontro. E ele ainda conseguiu reunir a Camila e o JB para um jantar num restaurante italiano nas imediações da Paulista, a Osteria Generale. Foi um encontro muito feliz em que falamos de alegrias e de enfrentar bravamente deficiências. Adorei rever a Camila, uma sagitariana cheia de alegria como a Giselle. Adorei conhecer a Izabel, a noiva do Murilo. Saímos de lá praticamente enxotados pelos garçons, ansiosos para que fôssemos embora para fecharem o estabelecimento.

Sábado, 13 de julho

O sábado foi dedicado só a nós dois. Para passearmos por diversos espaços de São Paulo, propus que fôssemos inicialmente à Galeria do Rock. Queria comprar umas camisetas novas de bandas de rock e era uma chance de conhecermos mais a área do Centro da cidade. O engraçado é que entrei numa galeria e achei tudo muito estranho. Muitos estabelecimentos afro e inclusive uma mulher chegou a perguntar à gente: o que vocês querem aqui? Algo do tipo. Senti que estava no lugar errado. A Giselle perguntou se ali era a galeria do rock. Era a do Reggae, um homem falou. A do rock era a próxima. Adoro passar por essas situações que servem para contar histórias depois. A galeria do rock é mais animada e bem menos abandonada, com direito até a lugares para alimentação e bebida. Como o rock é um estilo bem segmentado é possível ir atrás de lugares com que você se identifica mais. Só comprei uma camiseta do Rage Against the Machine e a hipoglicemia atacou. Precisava almoçar urgentemente. O almoço foi um peixinho com legumes delicioso num lugar chamado Ponto Chic – O Famoso Bauru, espaço tradicional de São Paulo.

A próxima parada estava no ar ainda: MASP? Parque do Ibirapuera? Liberdade? Optamos pelo MASP, mas no meio do caminho, ao atravessar a Estação Liberdade, descemos lá, como num impulso. E foi mágico conhecer esse bairro japonês. A Giselle comprou um monte de coisas numa loja sul-coreana, mas eu fiquei de olho mesmo foi na comida de rua, como num festival gastronômico. Até queria estar com mais fome para comer mais. Conhecemos um café muito bacana lá, onde tiramos fotos e curtimos a paisagem (o café fica nos altos). Depois ainda voltamos para as banquinhas, onde comi dois bolinhos de feijão (não sei o nome exato) e a Giselle comeu outra comida salgada (também não lembro o nome; essas coisas, principalmente de comidas diferentes, preciso anotar).

Estávamos cansados, mas ainda conseguimos energia para voltar ao hotel, tomar banho, trocar de roupa e ir a uma sessão das nove, no Espaço Augusta, de COMO COMPRAR A LUA. Filme simpático, projeção muito boa, e nem tive sono (rolou um cafezinho rápido antes). Depois disso, ainda fizemos um breve passeio pela Rua Augusta, que estava animadíssima. Passamos por uma galeria ao ar livre cheia de pequenos restaurantes, mas optamos pelo tradicional Pedaço da Pizza, que eu já conhecia e aprovava. O frio da noite não deixou a gente ficar muito tempo passeando pelas redondezas. Hora de voltar pra casa.



Domingo, 14 de julho

Os dias anteriores estavam nublados, mas naquela manhã de domingo o sol chegou bonito. Havíamos combinado um encontro com o Eduardo Aguilar, amigo cuja simpatia tenho desde as cartas que ambos enviávamos para as colunas de Carlos Reichenbach, e depois nos aproximamos na lista Canibal Holocausto, e, com o tempo, sempre que viajo para São Paulo arranjo um jeitinho de encontrar com ele. Achei muito legal que a Giselle gostou muito dele. Mas antes de encontrá-lo, ao virar a esquina para a Av. Paulista, já vimos a alegria da avenida fechada e à disposição de pedestres e ciclistas, com shows, danças, vendedores ambulantes, tudo muito legal e alto astral.

Nossa primeira ida foi ao MASP, que contava como principal atração os quadros de Francis Bacon. São pinturas bem diferentes, impressionantes, algumas quase assustadoras. Chegamos a ver também exposições noutro andar, que para nossa surpresa são tão ou mais belas e de encher os olhos quanto a principal. Por causa da fome, largamos mão da outra exposição e fomos ao shopping onde havíamos combinado de tomar o café com o Aguilar e almoçamos no Giraffa’s. Comida boa e rápida. E já a partir de lá começamos nosso papo com meu amigo católico, como eu o apresentei à Giselle. O café no Ofner com docinho estava bom demais. E o papo mais ainda. Rolou conversa sobre cinema, mas também teve sobre família, religião e encontros.

O próximo passeio programado para o domingo foi para a sessão de TWISTERS, que havíamos combinado com a Cris, o Michel e o Chico. A Paula e seu filho Francisco também estavam lá. O filme é divertido e eu adoro a Daisy Edgar-Jones desde NORMAL PEOPLE. A sala lá do shopping Cidade de São Paulo é muito boa. O jantar foi no Outback e eu solicitei a permissão de Moisés para pedir a tradicional costelinha de porco de lá (o Ribs on the Barbie), que dividi com a Giselle, que já ficou com vontade de repetir o prato noutra ocasião, aqui em Fortaleza. Voltamos para casa de Uber com o Chico. Como eu gosto dessa turma.

Segunda-feira, 15 de julho

O dia amanheceu bem ensolarado e o plano inicial daquela segunda-feira era conhecer o Parque do Ibirapuera. Eu havia dado uma passada muito rápida ali na primeira vez que fui a São Paulo, mas foi só para bater ponto. Dessa vez pude curtir de verdade e o sol e o sorriso sempre encantador da Giselle fizeram a diferença. Eu não sei andar de bicicleta e achava que não daria conta nem daquele triciclo. Mas a Giselle achou que seria uma ótima ideia para passearmos pelo parque, conhecer o lago e outras partes do lugar. E de fato foi uma delícia, sim. Comemos um pastel debaixo de uma árvore e depois alugamos a bicicleta para passear. Foi de uma alegria imensa aquele nosso momento. E acabamos nos perdendo lá dentro e pagamos valor adicional. Mas claro: valeu cada centavo.

Havíamos combinado de nos encontrar com o Aguilar novamente. Ele se dispôs a nos acompanhar ao mercado municipal, outro lugar que a Giselle queria conhecer e que eu não conhecia. Almoçamos por lá um sanduíche tradicional paulistano e depois fomos ver as frutas e conhecer o espaço. A Giselle ainda comprou algumas frutas para levar para o Gustavo, seu filho, mas acabei não comprando nada pra eu levar. Não sabia o quão conveniente seria carregar aquelas frutas no avião. Mas ela estava certa em trazer. Tão sabida ela. Depois do mercado, fomos conhecer o mosteiro de São Bento, e achei o lugar incrível. Lá imperam o silêncio, o respeito e estava acontecendo uma cerimônia que nunca vi antes. Ficamos pouco tempo, mas gostei da impressão que aquele lugar me causou. De lá nos despedimos do Aguilar e fomos de volta ao hotel.

Chegamos tão cansados que acabei dormindo um bocadinho, de modo que acordamos um pouco tarde para aproveitar alguma coisa no shopping. Deu para comprar o boneco-combo dos minions para meu sobrinho no Shopping Pátio. E depois jantar lá perto. O passeio no parque havia nos deixado um pouco fatigados.

Terça-feira, 16 de julho

A Cris havia feito a gentileza de nos ajudar a aproveitar o último dia. Nosso voo seria apenas às sete da noite e teríamos que fazer o check-out no hotel até o meio-dia. Então, saímos de manhã e ainda almoçamos com ela e o Michel num lugar muito legal chamado Quiche & Cia. Logo em seguida, Cris nos levou à Cinemateca Brasileira. Deu para ver a mostra dedicada a Vladimir Herzog. Importante e feita com amor à democracia. Em seguida, para aproveitar o restinho do dia, fomos ao centro novamente, mais uma vez à Galeria do Rock – queria comprar um boné para o meu sobrinho. Acabei trazendo de volta mais duas camisetas de bandas (The Smiths, Radiohead).

Ou seja, até mesmo este dia com pouco tempo disponível acabou sendo muito proveitoso e gostoso. Andamos muito de metrô e Uber principalmente, mas também bastante a pé, de táxi e até de ônibus. Podemos dizer que soubemos aproveitar São Paulo, mesmo sabendo que faltou muita coisa ainda para conhecer e curtir. Michel nos entregou as malas, partimos para Congonhas e voltamos para nossas casas, felizes por termos feito uma viagem tão incrível, tão próxima da perfeição. A companhia da Giselle é um presente para mim e tenho certeza de que ela ama estar a meu lado também. Então, acho que consegui juntar o amor que eu tenho por uma cidade ao amor por uma mulher em uma só tacada. Sucesso!, como diria meu amigo Michel.



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