domingo, junho 18, 2023
THE FLASH
Enquanto via THE FLASH (2023), o mais recente lançamento da DC/Warner, percebia o tanto de referências que o filme tem, e o quanto os filmes de super-heróis estão cada vez mais destinados a uma parcela (enorme, no caso) de pessoas que acompanham esses títulos há muitos anos. Ou que conseguiram, de certa forma, no caso de pessoas mais jovens, principalmente, correr atrás dos filmes lançados antes de seus nascimentos. Uma pessoa como minha mãe, por exemplo, que talvez nem tenha visto SUPERMAN – O FILME, de Richard Donner, ficaria sem compreender muita coisa. E se isso vale para os filmes da DC, imagina para os filmes da Marvel.
Mas o mais importante é que THE FLASH, dirigido por Andy Muschietti (IT – A COISA, 2017), é um acerto e traz dignidade tanto à era Zack Snyder quanto a outros momentos da história da DC no cinema, especialmente pela presença brilhante de Michael Keaton, o Batman/Bruce Wayne dos filmes de Tim Burton. De certa forma, THE FLASH funciona para a DC como HOMEM-ARANHA – SEM VOLTA PARA CASA funcionou para a Marvel. Ou seja, é quase uma desculpa para brincar com as possibilidades de um multiverso e o filme traz tantas conexões com obras passadas que fica quase incompreensível para quem não viu nenhum dos filmes citados.
Mas a desculpa em THE FLASH é até melhor: Barry Allen (Ezra Miller) quer usar seu poder para voltar no tempo e desfazer o assassinato de sua mãe, ocorrido em sua infância. Assim, há espaço até para momentos bem comoventes (como a cena do supermercado!). Além do mais, a inclusão de um rosto novo, como é o caso da Supergirl de Sasha Calle, é muito bem-vindo, funcionando muito bem com as presenças mais familiares. Como aventura de ação, o filme também é bem divertido, quando vemos aquela Liga da Justiça improvisada agindo.
O filme não esconde a semelhança com a trilogia DE VOLTA PARA O FUTURO, de Robert Zemeckis, e justamente por isso, por ser um filme sobre viagens no tempo e suas consequências, mais do que um filme sobre o multiverso ou sobre embates entre heróis e vilões (o general Zod é só um coadjuvante), justamente por isso é tão gostoso de acompanhar. O que não quer dizer que as cenas de ação não sejam atraentes, especialmente quando vemos o Batman em ação. Por não ter aqueles superpoderes como seus colegas de equipe, e ainda ser um homem idoso, fica no ar a sensação contraditória de fortaleza e fragilidade.
Parte da surpresa relativa à qualidade de THE FLASH se deve também às gravações bastante tumultuadas por causa de Ezra Miller, que, depois de toda a confusão gerada, reconheceu seus problemas de saúde mental e se desculpou pelo mau comportamento. Isso inclui ter sido preso duas vezes pela polícia do Havaí, ter jogado uma cadeira que foi parar na cabeça de uma mulher, que teve um ferimento na testa, um suposto assédio num karaokê, uma invasão ao apartamento de um casal, um roubo de pertences desse mesmo casal etc.
Não sei o que seria o etc., na verdade, pois não acompanhei com atenção as notícias, mas certamente é coisa suficiente para gerar um filme de bastidores bem interessante. Além do mais, o fato de Miller interpretar duas versões de Barry Allen, a conhecida da Liga da Justiça e uma versão como um adolescente bobão, ajuda até mesmo a trazer luz para as falhas e as bobagens que as pessoas, sendo elas humanas, costumam cometer.
Com relação à colisão dos mundos, uma referência direta ao evento “Crise nas Infinitas Terras”, acontecido nos quadrinhos da DC nos anos 1980, acredito que não ter lido os quadrinhos não vá prejudicar a compreensão da coisa no terceiro ato do filme (eu mesmo não cheguei a ler). A Marvel depois usaria o mesmo conceito na fase dos Vingadores de Jonathan Hickman. O que importa é que THE FLASH é um dos mais leves e divertidos filmes da DC. Uma bela sessão da tarde.
+ DOIS FILMES
HOMEM-ARANHA – ATRAVÉS DO ARANHAVERSO (Spider-Man – Across the Spider-Verse)
A animação é um primor e tem um jogo de variações nos traços e brincadeiras visuais com os próprios quadrinhos (e até com os filmes), que traz prazer. Por outro lado, a rapidez excessiva da ação (para o meu gosto) acaba cansando um pouco (e me dá sono). Então, tenho minhas reservas, embora também valorize todo o cuidado que é feito com personagens que são novos (falo dos que surgiram na brincadeira Aranhaverso, nos anos 2010) e alguns nem tanto, como Miguel O'Hara, o Homem-Aranha 2099. Ter a Spider-Gwen (chamada de Mulher-Aranha, no filme) como uma das protagonistas, e logo abrindo o filme, foi uma escolha acertada, dando tanto peso para ela quanto para Miles Morales. O roteiro é inteligente ao trazer um dos traumas do Aranha, que foi a perda de seu tio Ben, e do quanto isso também teve semelhanças em outros Aranhas habitantes de outros mundos. Só não estava esperando um gancho que me deixasse na mão. HOMEM-ARANHA – ATRAVÉS DO ARANHAVERSO (2023) é assinado por três diretores: Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson.
A ESSÊNCIA DA MALDADE (The Creeping Flesh)
A vantagem de ver esses filmes clássicos produzidos por produtoras derivadas da Hammer é que a gente aprende a conviver tanto com seus problemas quanto com suas qualidades. Os problemas talvez estejam no andamento pouco atraente. É preciso ter um pouco de paciência para entender para onde a trama vai se encaminhar. Entre as qualidades de A ESSÊNCIA DA MALDADE (1973), de Freddie Francis, há as inúmeras viradas na mesma trama, o que acende o interesse e a curiosidade para o que virá. Na trama, Peter Cushing e Christopher Lee são dois cientistas "malucos". Cushing acaba de voltar de uma viagem trazendo um esqueleto de um espécime raro. Acontece que, durante uma limpeza no tal esqueleto, o bicho começa a criar carne sobre o osso. No meio disso tudo, há a filha dele, que tem um problema de não ter convivido com a mãe, experiências que ele fará que serão fatais, e a história do personagem de Lee, que corre em paralelo, mas desde o início sendo sempre a força antagônica de Cushing. Os efeitos do monstro ficaram bem datados, mas provavelmente pelo fato de a produção ser barata. Não chega a ser um problema, na verdade. Visto no box Obras-Primas do Terror 18.
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