quinta-feira, novembro 08, 2018

VIDA DE SOLTEIRO (Singles)

Certos filmes precisam de um distanciamento temporal para que possam envelhecer bem. Como acontece com os discos. Na primeira vez que vi VIDA DE SOLTEIRO (1992), em VHS, não me empolguei muito. Mesmo já sendo um entusiasta da turma de Seattle, do grunge. Se bem que eu gostava bem mais do Nirvana do que de Alice in Chains, Pearl Jam e Soundgarden. E Nirvana não chega a tocar no filme. Em compensação, toca a linda “Drown”, dos Smashing Pumpkins, minha banda do coração número 1 daquela década de 90, que não é grunge, mas que havia alguma semelhança naquele primeiro momento.

Não que o longa-metragem que deu visibilidade a Cameron Crowe tenha se revelado uma pérola. Talvez o saudosismo,r em poder voltar àqueles tempos tenha me feito um pouco mais feliz nesses dias difíceis. Além do mais, as histórias de amor são boas. Ou ao menos uma delas é muito boa e envolvente, que é a história de Steve (Campbell Scott) e Linda (Kyra Sedgwick). A história deles dois lida muito com regras de namoro, sobre a maneira como o casal deve se comportar para ser mais feliz ou para fazer a relação dar certo. Por mais que as novas gerações posem de descomplicadas, isso ainda não mudou, gera identificação.

A outra história importante é a do casal Cliff (Matt Dillon) e Janet (Bridget Fonda). Ela é louca por ele, um vocalista de uma banda de garagem sem muito tutano. Ele infelizmente a esnoba, não lhe dá o devido valor. Aos poucos, ela percebe que precisa se desprender daquela relação. Dar amor sem receber em troca. E já até dá para imaginar o que acontece. Mas essa história, por mais que Bridget Fonda esteja apaixonante, acaba sendo pouco atraente, justamente por não ser aprofundada e também pelo fato de o personagem de Dillon ser um tanto bocó.

Uma coisa que nos deixa pensando ao ver agora à distância a carreira de Cameron Crowe é que é um cineasta que precisa muito de laços afetivos e da força da memória para que seus trabalhos sejam memoráveis. Como foi o caso de QUASE FAMOSOS (2000). Seus trabalhos que parecem ser de encomenda, por mais interessantes que sejam, como JERRY MAGUIRE – A GRANDE VIRADA (1996) e VANILLA SKY (2001), carecem de brilho e de amor. E nem falemos de seus últimos trabalhos para não dar vexame.

+ TRÊS FILMES

DO JEITO QUE ELAS GOSTAM (Book Club)

Um filme que eu vi com certa preguiça. Mas o elenco é de respeito e dá pra dar uma relevada em algumas coisas, se a intenção for ver uma comédia leve com atrizes na chamada "melhor idade". Diane Keaton continua sendo muito querida. E é a trama dela a mais interessante das quatro. Direção: Bill Holderman. Ano: 2018.

ANNA KARENINA – A HISTÓRIA DE VRONSKY (Anna Karenina. Istoriya Vronskogo)

É ruim não ter visto uma adaptação boa do romance clássico vinda da Rússia. As que eu gostei foram justamente em língua inglesa: a versão com a Greta Garbo e a com a Keira Knightley. Esta parece aqueles filmes do Hallmark, com a diferença que é um pouco mais classuda. Era para a personagem da Anna ficar insuportável de chata mesmo? Estava nos planos? É o tipo de filme em que a gente sente sempre vontade de mudar os rumos dos acontecimentos, para ver se dá jeito. Direção: Karen Shakhnazarov. Ano: 2017.

JULIET, NUA E CRUA (Juliet, Naked)

Só em ter visto em Miami já foi marcante, mas já era um filme que eu queria muito ver, pelo casal de protagonistas. Acho que Ethan Hawke é o ator com quem eu melhor me identifico, por ter mais ou menos a minha idade e ter no currículo filmes muito especiais pra mim. Já a Rose Byrne, é por ser encantadora mesmo. Há muito humor e sensibilidade nesta comédia romântica simples. O diretor é conhecido de quem acompanhou a série GIRLS. Direção: Jesse Peretz. Ano: 2018.

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