Para um filme de James Gray, não deixa de sentirmos um tantinho de desapontamento com este novo Z – A CIDADE PERDIDA (2016), por mais que seja, no fim das contas, um trabalho que possa se beneficiar com o tempo, como acontece com muitas outras obras de grandes cineastas. Isso é o meu lado fã de James Gray falando forte e torcendo para que não seja um sinal de um declínio na excelência que se via em seus filmes desde o primeiro longa, FUGA PARA ODESSA (1994).
Como tema comum a outros títulos do diretor está a questão da fuga (ou tentativa de fuga) da família por parte do protagonista. Isso se vê de forma forte em AMANTES (2008), em que a família é vista como algo opressivo. Mas Z – A CIDADE PERDIDA acaba trilhando um caminho da grandiloquência épica que ERA UMA VEZ EM NOVA YORK (2013) já sinalizava, com uma história um tanto intimista, mas contada em tom grandioso e trágico.
Os horizontes geográficos são ampliados em Z, que nos apresenta a Percy Fawcett (Charlie Hunnam), um coronel do exército britânico vivido que desapareceu na selva amazônica nos anos 1920 à procura de uma cidade inexplorada que renderia para ele e para o Império Britânico um feito inédito. Na primeira expedição ele quase morre sob o ataque de uma tribo de índios canibais, mas tem a sorte de conseguir dialogar com os nativos e de voltar para casa, ainda que por pouco tempo, dizendo, junto com seu fiel escudeiro Henry Costin, vivido por um irreconhecível Robert Pattinson, que tinha motivos mais do que suficientes para retornar àquele lugar perigoso, a fim de encontrar enfim a tal cidade perdida.
O que chega a incomodar um pouco é mais uma vez a performance um tanto apagada de Sienna Miller, como a esposa de Fawcett. Ela é mais uma vez a esposa do sujeito que vive perigosamente, mas que continua cuidando da casa e dos filhos. Esse papel lembrou o de SNIPER AMERICANO, de Clint Eastwood. Não sei o que acontece com a atriz, mas ela costuma ser tão bela quanto esquecível. E neste filme de Gray não é diferente.
Por outro lado, o jovem Tom Holland, que será mais famoso a partir desta semana como o novo Peter Parker, está muito bem no papel do filho que tem ao mesmo tempo raiva do pai (por sua ausência) e uma admiração e vontade de seguir seus passos como explorador. Sua passagem pelo filme é breve, mas marcante. Ainda mais porque ele entra em um momento em que a narrativa parece estar cansando e funciona para dar um novo gás em seu momento final. Vale dizer que o melhor é ver Z sem saber nada sobre a história da vida de Fawcett, até para aproveitar também os momentos de surpresa, tensão e aventura que o filme proporciona.
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