quinta-feira, junho 29, 2017

BETTER CALL SAUL – 3ª TEMPORADA (Better Call Saul – Season Three)


Finalmente uma série, dentre as mais recentes, que não teve curva descendente neste ano de 2017. Ao contrário, a terceira temporada de BETTER CALL SAUL (2017) chega a se equiparar, muitas vezes, aos melhores momentos de sua "série mãe", BREAKING BAD (2008-2013). Até porque, cada vez mais, o destino de seus personagens se encaminha para onde os conhecemos na cultuada série de Vince Gilligan.

E, se no começo, acreditava-se que os únicos personagens já conhecidos a serem explorados com profundidade no spin-off seriam apenas Jimmy/Saul (Bob Odenkirk) e Mike (Jonathan Banks), na terceira temporada, temos a alegria de ver também a entrada em cena de Gus (Giancarlo Esposito) e Nacho (Michael Mando), ambos do bloco mais ligado à vida perigosa do tráfico de drogas e do rastro de mortes que esse mundo traz. Sem esquecer, claro, do velho Hector Salamanca (Mark Margollis), antes de aparecer imobilizado em BREAKING BAD. Deste modo, o aspecto mais criminoso da série caminha em paralelo com as intrigas entre advogados.

Com tanta gente boa entrando novamente em cena, é até natural que as subtramas envolvendo Mike tenham sofrido um pouco, embora o personagem continue despertando admiração e tenha ganhado alguns ótimos momentos. Os criadores e roteiristas, porém, tomaram o devido cuidado para que o protagonista da série não fosse eclipsado pelas novidades, como de fato não foi. A trajetória de Jimmy continua empolgante de acompanhar. Ainda mais agora que vamos conhecendo mais do lado mais sombrio de sua personalidade, quase o aproximando de Walter White, mais ainda dotado de uma bondade de coração que compensa sua tendência a fazer com que as pessoas caiam em ciladas, para benefício próprio.

No caso do irmão, o arrogante Chuck (Michael McKean), o que Jimmy faz com ele no tribunal chega a ser perturbador. O que deveria trazer um bom gosto de vingança sai como um tiro pela culatra. Ao menos no espectador. E também em Kim (Rhea Seahorn), que não fica tão animada assim com o fato de ter vencido um homem doente no tribunal, por mais que esse homem doente não tenha se mostrado nada amoroso com o irmão. Quanto a Kim, é uma personagem cada vez mais adorável em sua seriedade e delicadeza.

A terceira temporada potencializa os problemas de Chuck com eletricidade, tornando-o um personagem até capaz de despertar empatia no espectador. O que não quer dizer que deixemos de torcer por Jimmy. As cenas dele prestando serviço comunitário recolhendo lixo e tentando conseguir dinheiro para pagar o aluguel da firma de advocacia são exemplos disso. Assim como a admiração que temos por alguém que consegue resolver de maneira inteligente tantos problemas que a vida lhe reserva, por mais que a saída não seja de natureza tão ética.

Vale dizer que muito da força de BETTER CALL SAUL vem da elegância das filmagens, do excelente trabalho de direção de arte, e também dos bem cuidados diálogos e da vontade de aprofundar a psicologia de seus personagens. A série está bem longe de ser uma qualquer dentro da atual safra. Em vez disso, o que esperamos é que a evolução continue.

Melhores episódios: "Chicanery", com uma emocionante e tensa disputa entre Jimmy e Chuck no tribunal; "Expenses", com Jimmy suando muito para quitar suas dívidas das maneiras mais criativas; "Fall", com Kim enfrentando desafios no trabalho; e "Lantern", com o colapso de Chuck.

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