segunda-feira, janeiro 02, 2017
SING STREET – MÚSICA E SONHO (Sing Street)
Sinal dos tempos esses em que filmes de tão alto nível quanto este SING STREET – MÚSICA E SONHO (2016) vão parar direto no Netflix e similares, longe da tela grande, mesmo tendo sido indicado ao Globo de Ouro de melhor filme (comédia ou musical) e tendo chances de indicação ao Oscar. Trata-se de mais uma deliciosa obra de John Carney, o sujeito que adora música e que já juntou o seu amor pelas melodias e pelos relacionamentos nos lindões APENAS UMA VEZ (2007) e MESMO SE NADA DER CERTO (2013).
SING STREET segue a mesma linha dos dois, mas de volta à Irlanda, como em APENAS UMA VEZ, e com personagens mais jovens e em uma outra época, a década de 1980, com o que ela tem de atraente, inocente e saudosista. Trata-se basicamente da história de um rapaz que resolve montar uma banda de rock por causa de uma garota. E o filme conta essa história com uma simplicidade e uma beleza impressionantes. Como a moça é especialmente linda e com um olhar especial (Lucy Boynton, que pode ser vista no terror THE BLACKGOAT'S DAUGHTER), é muito fácil nos colocarmos no lugar do jovem Conor (Ferdia Walsh-Peelo).
O processo de confecção de uma música, como nos filmes anteriores de Carney, se mostra até mais interessante do que o próprio resultado, até por que, no caso do novo filme, as canções não são assim tão boas. Elas refletem o espírito das bandas que influenciaram os estilos, a partir dos discos que o irmão de Conor apresenta a ele. Assim, se no começo, a banda segue uma linha próxima do Duran Duran, depois, quando ele conhece The Cure, a banda vai modificando o som e a imagem, assim por diante, até chegar ao ponto de ter um estilo próprio, ainda que bastante ligado ao espírito daquela época.
Como os anos 80 foram também a década dos videoclipes, esses também comparecem de maneira muito divertida. Raphina, a musa inspiradora de Conor, é também a modelo dos videoclipes caseiros que a banda intitulada Sing Street, muito no espírito “faça você mesmo”, produz amadoramente. As canções também vão surgindo a partir de sentimentos e situações que acontecem na vida de Conor ou mesmo na de Raphina, uma garota que sonha em ir embora para Londres e ter uma vida melhor.
O que torna SING STREET também especial é o modo como ele nos faz adentrar esse mundo de sonho, como se fôssemos capazes de nos colocar no lugar do protagonista e fazer algo que tantas pessoas querem e não conseguem por um motivo ou outro: fundar uma banda, conquistar a garota dos sonhos e ir embora com ela. A cena final é dessas que é tão inacreditavelmente bela que a gente custa a acreditar. SING STREET pode ser comparado a um sonho bom, um sonho de que não queremos acordar.
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