segunda-feira, setembro 22, 2014

O ASSASSINO DA FURADEIRA (The Driller Killer)























Assistir a esse primeiro filme quase mainstream de Abel Ferrara depois de ter visto no cinema o recente BEM-VINDO A NOVA YORK (2014) é um baque e tanto. Aliás, nem precisaria comparar com o novo filme. Basta pegar produções como O REI DE NOVA YORK (1990) e VÍCIO FRENÉTICO (1992) para ver o grau de sofisticação que o cineasta nova-iorquino chegou.

Porém, é sempre bom acompanharmos a trajetória de cada cineasta. E os rumos que a carreira de Ferrara tomou antes de chegar à glória foi passando pelo submundo. Depois de alguns curtas-metragens, ele filmou o pornô 9 LIVES OF A WET PUSSY (1976), renegado por ele mesmo. Depois foi que ele debutou pra valer com O ASSASSINO DA FURADEIRA (1979), filmado em fins de semana e com um orçamento bem baixo.

O visual do filme, bem sujo, aliado à trilha sonora que inclui músicas de uma banda de punk rock, pode associar o filme à estética punk, que foi abraçada por muitos no fim dos anos 1970. Mas o curioso é que o artista retratado pelo próprio Ferrara, o pintor Reno Miller, fica justamente perturbado quando quer trabalhar em um quadro que julga ser a sua obra-prima e uma banda de punk rock começa a tocar dia e noite no apartamento vizinho.

Para descarregar a raiva, ele começa a sair matando mendigos e outras pessoas na rua, usando uma furadeira. As cenas são bem cruas, mas pouco impactantes. Talvez o momento que gera mais asco seja a da cena envolvendo o cadáver de um coelho sem pelo. No mais, há as alucinações do protagonista, que também são desculpas para brincar com gore e aproximar o filme do gênero horror.

Como se trata do trabalho de um grande e incensado diretor, ainda mais com roteiro do colaborador habitual Nicholas St. John, fica a tentação de tentar traçar paralelos entre O ASSASSINO DA FURADEIRA e as obras seguintes de Ferrara, que lidam com temas como a culpa católica, o mundo em decadência, a busca de redenção por um caminho alternativo e questões morais.

Na verdade, estou bem mais animado para ver o filme posterior de Ferrara: SEDUÇÃO E VINGANÇA (1981). Espero gostar. Enquanto isso, a turma que acompanha os festivais vai poder ver com antecedência o mais novo trabalho dele, PASOLINI (2014). Esse promete.

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