terça-feira, setembro 23, 2014
CINCO FILMES FRANCESES
É a velha ladainha de sempre que faço quando junto vários filmes num só pacote para uma única postagem. Deve ser algum complexo de culpa da minha parte eu ter que ficar justificando. Mas aí vai de novo: esse recurso é necessário para que eu dê conta de uma avalanche de filmes vistos e que, por uma razão ou outra, não tive tempo de escrever a respeito. Agora que se passou muito tempo, achei por bem só escrever umas mal traçadas linhas a respeito de cada um deles. Mas desde já deixo meus sinceros respeitos a esses filmes que, de uma forma ou de outra, fizeram muito por mim.
BOY MEETS GIRL
Visto em uma das mostras promovidas pelo Cinema do Dragão, BOY MEETS GIRL (1984, foto) é um filme menos palatável de Leos Carax, embora seja menos estranho do que SANGUE RUIM (1986) e HOLY MOTORS (2012), até então minhas duas únicas referências do cineasta. Em comum entre os três filmes, entre outras coisas, está a presença do sensacional Denis Lavant, que aqui interpreta um sujeito que recebe um pé na bunda da namorada e passa a vagar pelas ruas de Paris. A fotografia em preto e branco dá um ar sombrio à narrativa, que prima mais pela atmosfera do que pelo enredo. Gosto especialmente de uma cena em que o protagonista conversa com uma moça em uma festa. A cena é um tanto longa, mas é a que mais traz calor aos corações.
DENTRO DA CASA (Dans la Maison)
François Ozon, o cineasta mais camaleônico da França, nos convida agora para uma história que combinaria melhor em um romance, mas que funciona bem também no cinema. DENTRO DA CASA (2012) traz o professor de ensino médio vivido por Fabrice Luchine que, entediado com o emprego e com as inúmeras redações ruins que têm de corrigir dos alunos, fica admirado com a redação de um jovem que conta uma história de maneira intrigante e ainda deixa um "continua" no final, para dar um gostinho de "quero-mais" ao leitor. O garoto é vivido por Ernst Umhauer e Kristin Scott-Thomas interpreta a esposa do professor. Emmanuelle Seigner é a mulher desejada pelo garoto, e mãe de um colega de classe. O detalhe curioso do filme é que, além de sua estrutura de “As mil e uma noites”, há o fato de o garoto manifestar uma frieza e um maquiavelismo que chega a assustar o professor. Não diria que é dos melhores de Ozon, mas é bem interessante.
UMA RELAÇÃO DELICADA (Abus de Faiblesse)
Não sei se posso dizer o mesmo de UMA RELAÇÃO DELICADA (2013), de Catherine Breillat, que era justamente um dos filmes que mais me interessavam na Mostra Varilux deste ano e foi o que menos gostei entre os poucos que vi. Tinha tudo para dar certo: a veia ousada de Breillat com o talento de interpretação de Isabelle Huppert. Sem falar que a trama também prometia, ao tratar de uma diretora de cinema que sofre um AVC e só encontra sentido na vida quando descobre um ator perfeito para seu próximo filme, mas que acaba perdendo tudo na vida por causa desse homem. Não deixa de ser interessante filmar a trajetória descendente de uma mulher de poder, mas o filme mais aborrece do que causa interesse.
UM BELO DOMINGO (Un Beau Dimanche)
Por outro lado, UM BELO DOMINGO (2013), de Nicole Garcia, chega de mansinho e já conquista o espectador, mesmo não sendo exatamente uma obra que fuja do padrão clássico. O filme acompanha o relacionamento entre um rapaz que vive mudando de emprego (Pierre Rochefort) e de cidade, como se fugisse de alguma coisa, e uma moça que trabalha em uma barraca de praia (Louise Bourgoin). Aos poucos vamos descobrindo mais sobre ele, principalmente quando ele se mostra interessado nela e sabe o quanto ela está precisando de ajuda (financeira) para não ser violentada por agiotas. As cenas na mansão da família do protagonista nos deixam ao mesmo tempo deslocados e maravilhados.
ELA VAI (Elle S'en Va)
Aos 70 anos de idade, Catherine Deneuve já não é mais aquela moça linda que encantou multidões nas décadas de 1960 e 1970, mas justamente por isso ela tem feito papéis que brincam com esse detalhe. Em ELA VAI (2013), de Emmanuelle Bercot, ela é uma ex-miss que é convidada para participar de uma festa de encontro de misses de sua região. Há um passado que a incomoda e sua fuga de casa para encontrar não se sabe o quê acaba fazendo do filme uma espécie de road movie torto que em certo momento, em vez de a afastar da família, faz com que ela se reaproxime. As cenas envolvendo o neto são cheias de ternura. ELA VAI é um filme que faz bem ao espírito.
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