segunda-feira, maio 19, 2014

A ILHA DA MORTE (Island of Death / Ta Paidia tou Diavolou)



Certamente não haveria um filme como o horror grego A ILHA DA MORTE (1976) se não tivesse existido LARANJA MECÂNICA, de Stanley Kubrick. Foi a principal referência que vi neste exploitation grego, embora no livro Cemitério Perdido dos Filmes B, conta-se que o diretor, produtor, roteirista, fotógrafo e ator Nico Mastorakis tenha tido a ideia de fazer o seu "opus" depois de ter visto O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA, de Tobe Hooper.

Ainda assim, o protagonista do filme, Christopher, lembra, tanto na aparência quanto no comportamento agressivo, Malcolm MacDowell no filme de Kubrick. Porém, há um abismo enorme entre os dois filmes. Apesar de ambos terem a intenção de chocar com a violência, o trabalho de Kubrick é feito com esmero e cuidado por um cineasta genial, enquanto A ILHA DA MORTE é só um filme um tanto tosco que atira por todos os lados. O que não quer dizer que merece ser desprezado.

Pra começar, o casal de psicopatas, Christopher e Celia, são irmãos e mantém uma relação incestuosa. No começo do filme nem dá pra entender por que ele liga para a mãe de uma cabine telefônica dizendo que está transando com Celia, e a mulher fica horrorizada. Depois é que ficamos sabendo desse detalhe. Ela segue o irmão na trilha de morte numa pequena ilha da Grécia, enquanto são perseguidos por um detetive particular.

As principais motivações de Christopher são de natureza moral. Ele acha, por exemplo, que um casal de lésbicas ou um casal de dois homens são dignos de desprezo e merecem morrer por fazerem algo tão imoral. Em outra cena, depois de ter se aliviado com uma cabra, ele mata o animal, como se ela fosse a culpada pela zoofilia.

Também merece destaque (e é uma cena usada num dos melhores cartazes do filme) o momento em que Christopher, depois de ver sua irmã seduzir e transar com um pintor de paredes, mata-o com requintes de crueldade: pregando suas mãos com prego no cimento e fazendo-o beber a tinta até morrer.

Porém, falta algo que torne essas cenas grotescas realmente chocantes. Do jeito que são mostradas, tudo parece um cartum de mau gosto, sem ofender de fato. Na verdade, tive até que ver o filme em pedaços, de tão chato que achei depois de 20 minutos de duração. Pode ser visto como uma comédia de humor negro e ser degustado como tal para certo nicho de público. E sei que tem quem o admire. Porém, mesmo gostando de algumas bizarrices de vez em quando, elas não são o único elemento a tornar um filme suficientemente bom.

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