sexta-feira, maio 16, 2014

GODZILLA



A comemoração dos 60 anos do primeiro filme de Godzilla foi em grande estilo. A começar pelos créditos iniciais, que emulam noticiários sobre desastres nucleares da década de 50, e que trazem no elenco gente como Aaron Taylor-Johnson (KICK-ASS - QUEBRANDO TUDO), Elizabeth Olsen (MARTHA MARCY MAY MARLENE), Bryan Cranston (série BREAKING BAD), Ken Watanebe (A ORIGEM), David Strathairn (BOA NOITE E BOA SORTE) e até mesmo a querida musa Juliette Binoche. Só esse cartão de apresentação já promete mais do que uma mera produção feita para entreter e ser esquecida logo após a sessão.

GODZILLA (2014), de Gareth Edwards, tem muito em comum com o filme japonês original de 1954 (como o fato de privilegiar bastante os personagens) e quase nada em comum com a equivocada versão de Roland Emmerich (1998). E o curioso é que, apesar de o filme conter outros monstros brigando com o Godzilla, trata-se de uma obra em que tudo é levado muito a sério. É até possível que alguém reclame que o filme não tem senso de humor. Mas certamente isso contribui a seu favor.

O prólogo nos apresenta ao personagem de Cranston e Binoche. Aliás, é de dar gosto vê-la no elenco. Valoriza muito o produto final, ainda que sua participação seja pequena. Depois de 15 anos, com o filho dos dois crescido (Taylor-Johnson) e agora também já casado (com a personagem de Olsen) e com um filho pequeno, o agora jovem marine recebe uma ligação de que o pai está preso no Japão. O motivo: ele invadiu uma área em quarentena, o local da tragédia da primeira parte do filme e que supostamente está contaminada com radiação. O filho segue, então, para o Japão, lugar que ele quer deixar para trás, a fim de esquecer as memórias ruins da infância.

Assim como dois filmes de Steven Spielberg – TUBARÃO e JURASSIC PARK –, um dos acertos de GODZILLA é saber valorizar os monstros, apresentando-os em poucos momentos de sua duração. E muitas vezes debaixo de muita escuridão, já que a maioria das cenas acontece à noite e sem luz artificial. E apesar de a câmera não ser subjetiva e não ter nada de found footage, o filme lembra CLOVERFIELD – MONSTRO, ao optar por não dar ao espectador uma visão ampla do que está acontecendo, até para passar a ideia de que o monstro é grande demais para caber numa tela de cinema. Mesmo numa tela IMAX.

Apesar de o filme ter o seu nome, Godzilla é uma espécie de coadjuvante de luxo na narrativa. Um monstro do bem, mesmo destruindo tudo por onde passa. O diretor, aliás, parece mesmo fascinado por monstros, já que criou dois adversários para o Godzilla muito interessantes. Não à toa seu filme de apresentação foi a produção inglesa MONSTROS (2010). De um orçamento modesto de 800 mil dólares, ele saltou para um de 200 milhões e com resultado artístico satisfatório. Muito bom quando Hollywood traz cineastas talentosos e esses artistas conseguem fazer um belo trabalho.

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