quarta-feira, setembro 18, 2013

SOLIDÕES























Não deixa de ser divertido ver um filme tão ruim em um festival cheio de críticos de cinema exigentes. Já se ouvia falar que o primeiro longa-metragem de Oswaldo Montenegro, LEO E BIA (2010), era horrível, e talvez por isso mesmo eu estivesse tão curioso para conferir este SOLIDÕES (2013), que é no mínimo um objeto muito estranho, para ser generoso. Na verdade, a sequência inicial do filme é até interessante, misturando um ar brega da música e da dança com o belo corpo de Vanessa Giácomo, de longe a melhor coisa do filme, embora haja outras mulheres bonitas também e que se despem.

Há quem diga que filme ruim tem que ter pelo menos mulher pelada. Então, ao que parece Oswaldo Montenegro quis pelo menos ser generoso com o público masculino, embora a sua cara de cafajeste leve-nos a pensar que ele tenha despido as atrizes apenas para exercitar o seu lado voyeurístico, o que para mim não chega a ser um problema, mas que para muitos é falta de ética.

SOLIDÕES é uma colagem de cenas que parecem não ganhar unidade ao longo do filme. Por mais que a temática a abordar seja a já apresentada no título, em nenhum momento o diretor/cantor parece ter a mínima solidariedade para com aqueles que sofrem com a solidão. Para o filme, é tudo motivo de piada. Tanto que enxertar cenas de arquivo do holocausto foi de muito mau gosto. Por mais que haja uma explicação, no caso, questionar a falta de ação de Deus, segundo a visão do diabo (vivido pelo próprio Oswaldo), aquilo ficou totalmente deslocado naquele registro.

No mais, há pequenas histórias, como a da personagem de Vanessa Giácomo, que finge ter perdido a memória e acaba contribuindo com a melhor cena do filme, envolvendo uma ex-namorada e um strip-tease; a do personagem de Pedro Nercessian, que se encontra com sua versão alternativa de um universo paralelo; a história de um músico perdedor; de uma mulher abandonada; e uma sequência que simula um documentário no sertão nordestino. Tudo junto e misturado num caldo que provoca uma indigestão, mas que incrivelmente provocou também muitas risadas de parte do público.

A entrevista coletiva, no dia seguinte, foi provavelmente a mais divertida de todas, já que já esperávamos os ataques da crítica frente ao trabalho do diretor/cantor, que já está acostumado a receber ataques, pois é tão odiado quanto amado. Mostrou-se humilde, embora essa humildade tenha parecido com uma saída pela tangente, ao afirmar que não se considera um cineasta. Foi uma manhã tensa e divertida. E, como era de se esperar, o filme saiu do festival sem levar nenhum prêmio. Para muitos, ele não deveria sequer ser exibido. Para mim, embora também considere um trabalho horrendo, achei válida a oportunidade de vê-lo, pois sei que outra chance dificilmente aparecerá. A não ser que se faça muita propaganda. Nem que seja negativa. Assim desperta a curiosidade de mais pessoas.

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