terça-feira, setembro 10, 2013

HENRY & JUNE – DELÍRIOS ERÓTICOS (Henry & June)























Quando Philip Kaufman dirigiu HENRY & JUNE – DELÍRIOS ERÓTICOS (1990), ele vinha de um excelente drama erótico, A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER (1988). Apesar de parecerem europeus, ambos são produções americanas, tentando emular o erotismo mais ousado do Velho Continente. Quiz rever HENRY & JUNE depois de tanto tempo que o vi nos cinemas, na época de seu lançamento. Saber se continua bom.

Apesar de bem conduzido, na revisão, perde um pouco o impacto que teve na época. Talvez porque se perceba que o erotismo não é suficientemente forte. Ou então não era mesmo a intenção do diretor que fosse, já que o encontro de Henry Miller (Fred Ward) com Anaïs Nin (Maria de Medeiros) era também bastante cerebral, já que ambos eram escritores. O fazer literário estava no sangue dos dois mais até do que as taras, a vontade de experimentar as mais diferentes formas de fazer sexo e de vencer as convenções sociais.

O fato de a trama se passar na Paris dos anos 1930 também torna o ambiente ainda mais louco. Seria o equivalente aos Estados Unidos beatnik dos anos 1950 ou da contracultura dos anos 1960/70. Talvez ainda mais ousado. Paris era uma cidade muito querida por vários escritores e intelectuais de todo o mundo ocidental.

HENRY & JUNE narra o período em que Anaïs Nin, já casada com Hugo Guiler (Richard E. Grant), passa a se relacionar com o escritor americano Henry Miller e com sua esposa June (Uma Thurman). O que mais atraiu Anaïs ao escritor e à sua esposa foi o relacionamento ardente e cheio de ousadias e liberdades dos dois. A escritora francesa, que mantinha um diário de suas fantasias e sua vida íntima desde os 12 anos, se sentiu profundamente interessada naquele casal.

Há uma cena especialmente interessante, que homenageia explicitamente A IDADE DO OURO, de Luis Buñuel, que é exibido em uma sequência. A tal cena talvez seja a mais sensual de todo o filme e envolve basicamente um mamilo. Enquanto Miller acaricia o mamilo rijo de Anaïs, o marido da mulher dedilha as cordas de um violão. As imagens aparecem sobrepostas. E isso faz toda a diferença.

No mais, há poucos momentos que resistiram ao tempo no quesito "voltagem erótica". Mesmo a cena lésbica de Anaïs e June, uma das mais lembradas do filme, hoje parece pouco excitante, ainda que continue sendo bonita de ver. Aliás, todo o trabalho de fotografia e direção de arte do filme é uma beleza. Pena que a cópia que passou no Cine Ceará, na mostra em homenagem a Maria de Medeiros, não tenha sido das melhores.

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