domingo, junho 02, 2013

KILLER JOE – MATADOR DE ALUGUEL (Killer Joe)























Indo além da diversão e da violência, KILLER JOE – MATADOR DE ALUGUEL (2011), de William Friedkin, é uma obra que traz elementos dos filmes noir dos anos 1940 sobre mortes envolvendo seguro de vida, mas que também acaba lembrando as obras brasileiras inspiradas em Nelson Rodrigues, graças principalmente à podridão da instituição familiar e a uma suposta pureza da jovem Dottie (vivida por Juno Temple), que na verdade está longe de ser exatamente pura.

Friedkin repete a parceria com Tracy Letts, autor da peça e do roteiro de POSSUÍDOS (2006), até então o último trabalho do diretor de O EXORCISTA (1973). Apesar de ser adaptado de uma peça e de ter vários diálogos e momentos entre quatro paredes, ao se assistir KILLER JOE não se tem a impressão de se estar vendo algo de origem teatral. É cinema controverso, violento e impressionável, como é tradição na filmografia de Friedkin, cineasta afeito aos gêneros policial e terror, e que aqui entra no gênero de thriller criminal, mostrando também o seu impressionante timing com a comédia. No caso, de humor negro.

Na trama, passada numa cidadezinha do interior do Texas, o perturbado e endividado Chris (Emile Hirsch) propõe ao pai Ansel (Thomas Haden Church) a ideia de matar a própria mãe para receberem a soma de 50 mil dólares de seguro de vida. A ideia é que sua irmã mais nova, Dottie, não saiba de nada. Para isso, ele contrata um detetive de polícia que age como matador de aluguel. O problema é que eles não têm dinheiro para adiantar ao matador, e este pede um "caução", no caso, ficar com a jovem Dottie até eles receberem o dinheiro do seguro.

O assassino, o Killer Joe do título, é Joe Cooper, vivido por Matthew McConaughey, em atuação inspirada. Impressionante como o ator rouba a cena, o que não quer dizer que os demais também não estejam todos ótimos, inclusive Gina Gershon, a desavergonhada mulher de Ansel, que também receberia parte do valor do seguro.

Além da catártica sequência final, que pode ser vista desde já como uma das mais fascinantes e memoráveis do ano, há uma cena que não deve ser esquecida por quem viu o filme. Trata-se da cena de sexo de Joe e a jovem Dottie. Uma cena carregada de alta voltagem erótica, como há muito não se via no hoje bem comportado cinema americano.

Aliás, é impressionante como há uma tendência atual de negar filmes que ameacem os valores da família tradicional ou que sejam irreverentes e violentos quanto KILLER JOE. No caso do filme de Friedkin, foram distribuídas versões com cortes em DVD e Blu-Ray para que pudessem ser comercializadas em determinados lugares dos Estados Unidos, com as cenas chocantes de fora. Incrível como eles acham que estão fazendo um bem, quando na verdade estão cometendo um crime contra uma obra de arte.

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