domingo, junho 09, 2013

DEPOIS DA TERRA (After Earth)























Uma pena que M. Night Shyamalan, diretor de pelo menos cinco filmes brilhantes (O SEXTO SENTIDO, 1999; CORPO FECHADO, 2000; SINAIS, 2002; A VILA, 2004; e FIM DOS TEMPOS, 2008) tenha se entregado de vez aos filmes de encomenda. E, desta vez, muito mais um filme de Will Smith, o produtor e dono de DEPOIS DA TERRA (2013), a ficção científica protagonizada pelo seu filho Jaden Smith, que não consegue evitar de ser visto como um menino mimado que conseguiu se tornar famoso graças ao pai.

Relevando este fato e tentando equilibrar um pouco a balança que pende contra o filme, é bom lembrar que os outros dois trabalhos que Jaden fez com ou sob a supervisão do pai resultaram em bons filmes – À PROCURA DA FELICIDADE, de Gabriele Muccino, e KARATÊ KID, de Harald Zwart. Por outro lado, é bom lembrar de um remake constrangedor em que o menino Jaden esteve presente, O DIA EM QUE A TERRA PAROU, de Scott Derrickson. Ele não está bem nesse filme, mas pudera: como estar bem num filme daqueles?

Quanto a Shyamalan, o que houve com ele? Infelizmente acabou se tornando alvo de piadas entre críticos e variados cinéfilos. E ele mesmo parece ter dado um tiro no pé quando aceitou fazer uma fantasia adolescente, O ÚLTIMO MESTRE DO AR (2010), que não é um filme ruim, ao contrário do que muita gente pensa ou diz. É um trabalho decente, visualmente belo, uma marca, aliás, dos trabalhos do diretor, e feito para agradar principalmente a crianças e adolescentes.

Como também o é DEPOIS DA TERRA (2013), que é capaz de assustar em alguns momentos a esse público, como pude testemunhar em uma sessão. Ainda assim, é possível encontrar qualidades no filme. O design das casas e da espaçonave é bem interessante, misturando o rústico com o futurista. E Shyamalan, mesmo com um trabalho de encomenda que passa longe de destacar o seu nome dos cartazes, ainda continua dando destaque às imagens, aos enquadramentos.

Mas isso é pouco para um filme que é fraco em seu desenvolvimento e com um roteiro e caracterizações um tanto constrangedoras, como a do próprio Will Smith, dando uma de pai severo e durão, sem convencer. Ele é um general de um exército que mal conhece o filho, pois fica muito tempo afastado de casa, a trabalho. Além do mais, ele guarda mágoa da criança, que esteve perto no dia em que sua filha mais velha foi morta por um monstro gigante. Esse tópico que envolve o relacionamento entre pai e filho e a necessidade de provar o seu valor, aliás, poderia ter rendido um filme bem interessante, mas infelizmente não é o que ocorre.

Na trama, durante uma missão, Cypher Raige (Will Smith) e o filho Kitai (Jaden) caem num planeta inóspito e cheio de perigos, a Terra de mil anos no futuro. Com a queda da nave, toda a tripulação morre. O menino e o pai são os únicos sobreviventes. Mas o pai está com as duas pernas quebradas e a única salvação para os dois está nas mãos do garoto, que deve encontrar um material que está perto da cauda da nave, que foi parar muito longe. Assim, Kitai precisa enfrentar não apenas animais gigantes, mas também o próprio medo.

Quanto a Shyamalan, para aqueles que são fãs de seu trabalho (eu, incluso), só resta torcer por um retorno glorioso em um futuro próximo. Por enquanto, o que temos é apenas uma série de televisão prevista para o próximo ano – WAYWARD PINES –, que ele produzirá e dirigirá pelo menos um episódio. Pouco se sabe, mas ao que parece é um retorno ao gênero terror e mistério.

Nenhum comentário: