domingo, janeiro 06, 2013

MULHER OBJETO



Helena Ramos nunca esteve tão bela e exuberante quanto neste drama erótico misturado com thriller psicológico hitchcockiano dirigido por Silvio de Abreu, hoje famoso por ser autor de telenovelas. Como diretor de cinema, MULHER OBJETO (1981) foi o último de seus quatro trabalhos. O filme, visto hoje, parece uma paródia, não dando para levar muito a sério o drama da mulher frígida que não consegue fazer sexo com o marido e que sofre com alucinações e medos sempre que começa a sentir prazer, mesmo quando ela está apenas fantasiando. E ela fantasia muito, e isso constitui a maior parte das várias cenas de sexo que o filme tem.

Em MULHER OBJETO, Helena Ramos é Regina, uma jovem mulher que sofre com o problema de não conseguir transar com o marido (Nuno Leal Maia), mas que tem fantasias variadas com outros homens. Ela frequenta uma psicóloga que a ajuda a descobrir a causa desse bloqueio, que remonta à sua infância. No elenco de apoio, destaque para a americana Kate Lyra, presença marcante no cinema e na televisão brasileiros daquela época, com seu jeito sensual, que chegou a ser muito bem aproveitada em três filmes de Walter Hugo Khouri, inclusive.

A marca de Hitchcock está presente na trama, que lembra QUANDO FALA O CORAÇÃO, por causa da busca da solução do problema através de métodos da psicanálise; pelo uso de pombos que lembram OS PÁSSAROS; e pelo início, que remete diretamente à cena do chuveiro de PSICOSE. De PSICOSE também é usado um trecho em que a personagem se encontra no carro na chuva. Nesse momento, até a música de Bernard Herrmann é aproveitada. Assim, ver o filme pode ser também um bom exercício para fãs de Hitchcock.

(Este texto foi escrito para uma futura edição da Revista Zingu!, que infelizmente não foi ao ar. A revista continuará disponível para leituras e pesquisas, mas por ora foi descontinuada. Já estou com saudades.)

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